A Passadeira Vermelha da Vergonha

Trump estendeu a passadeira vermelha a Vladimir Putin. E, num instante, o ditador russo — que deveria estar isolado, julgado e condenado — resplandece em palcos partilhados com o presidente da China, com o líder da Coreia do Norte e com outros fascinoras que parecem sonhar devorar o mundo.
Este gesto não é protocolo; é sinal. Diz ao planeta que os valores podem ser dobrados como tecido de luxo. E Putin, que se alimenta do cálculo frio e da oportunidade, agradece: cada fotografia de honra é um tijolo a mais na catedral da impunidade.
Quando a verdade se torna moeda, a tirania sobe de cotação.
Europa: grande na forma, fraca no gesto
A Europa, que deveria ser clarim, tem sido sussurro. Instituições temos; coragem, nem sempre. A tibieza com que se responde à agressão recompensa o agressor. Cada hesitação é uma vitamina para o Kremlin.
A ONU no labirinto da irrelevância
António Guterres, reduzido a pagem de um edifício com portas trancadas pelo veto. A ONU cai no buraco da impotência sempre que a justiça tropeça no privilégio de quem pode dizer "não" sem consequências.
O risco de um eixo de tiranos
Enquanto o Ocidente se distrai com querelas domésticas, consolida-se um eixo que sorri à fraqueza. O show é calculado: mísseis no bolso, propaganda na mão, e muito palco. A lição é velha: se não contestares a mentira, a mentira toma o poder.
O que fazer agora
Falar a língua que os tiranos entendem: firmeza, unidade, coragem. O resto é carpete vermelha para a barbárie.
Não nos peçam silêncio. Peçam-nos futuro — e nós responderemos com luz.