O ministro do paiol da pólvora

Geopolítica com Paiol às Costas
Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen
Portugal é o país onde ministros incapazes de proteger um simples paiol de Tancos aparecem depois nas televisões a falar de estratégia internacional e de geopolítica global com ar grave e sobrancelha franzida.
É uma espécie de teatro do absurdo: primeiro deixam roubar armas como se fossem batatas num armazém municipal; depois sentam-se à frente das câmaras e explicam aos portugueses o que Putin quer na Ucrânia e o que Trump pensa da NATO.
O contraste é grotesco: um Estado que não sabe proteger os seus próprios depósitos tenta vender a imagem de sábio conselheiro nos salões da diplomacia mundial. É como um bombeiro que não sabe acender um fósforo a dar aulas de pirotecnia.
"A credibilidade de um país mede-se tanto nas suas armas guardadas como nas suas palavras ditas. E nós temos palavras em excesso e cofres vazios."
E assim cresce a descrença popular. O povo olha e pensa: se não conseguem guardar umas caixas de munições, como vão proteger o país da Rússia, da China ou até de si próprios? É neste vazio que floresce a tentação do "homem forte", seja ele Trump, Putin ou o fantasma de Salazar.
No fim, Portugal continua a falar de geopolítica como quem fala de estrelas: parecem bonitas à distância, mas não iluminam o caminho aqui em baixo, no chão cheio de buracos e nos paióis sem cadeado.