Portugal : Saudades do Pai Tirano?

Trump, Putin e o Fantasma de Salazar
Francisco Gonçalves & Augustus Veritas Lumen
De repente, em cafés e redes sociais portuguesas, ouvem-se vozes que começam a simpatizar com Donald Trump e até com Vladimir Putin. Uns aplaudem o "chefe que fala sem medo", outros admiram o "homem forte que enfrenta o Ocidente". Mas será isto convicção política? Ou apenas uma estranha nostalgia de Salazar?
A ilusão da ordem perdida
Portugal vive há décadas num ciclo de promessas incumpridas, corrupção e mediocridade política. Muitos recordam — ou ouvem contar — que "no tempo de Salazar havia respeito e ordem". Esquecem-se da censura, da miséria escondida, da emigração forçada. Resta apenas o mito: no tempo do ditador, pelo menos havia disciplina.
Trump e Putin: espelhos deformados
Trump, com o seu discurso contra o establishment, e Putin, com a sua pose imperial contra o "Ocidente decadente", tornam-se símbolos para quem está farto de elites e políticos de gravata cinzenta. Representam a figura do pai autoritário que impõe regras, simplifica problemas complexos e promete restaurar grandeza.
Saudades do chicote
Será que parte do povo português sente saudades do chicote da disciplina salazarista? Talvez não do ditador em si, mas da fantasia de um país que parecia mais simples: onde o mundo era a preto e branco, e não havia espaço para dúvidas, debates ou divergências.
"A tentação do homem forte nasce sempre da fraqueza coletiva. É o último refúgio dos povos cansados — mas também a sua mais perigosa prisão."
O perigo do regresso
Entre a desinformação das redes, o desespero económico e a descrença na democracia, cresce o risco de Portugal se deixar seduzir por novas formas de autoritarismo mascaradas de solução fácil. O fantasma de Salazar vagueia pelas praças digitais e sussurra ao ouvido: "eu disse-vos que sem mão firme tudo seria caos".
Mas a história ensina: a mão firme que promete segurança é muitas vezes a mesma que nos rouba a liberdade. Trump não é Midas, é ruído. Putin não é guardião, é predação. E Salazar não foi disciplina, foi silêncio imposto.
No fim, resta perguntar: queremos futuro ou apenas regressar ao conforto sombrio das prisões do passado?
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