🔍 Box de Factos:
• O Ministério Público investiga há mais de 2 anos a construção da casa de Luís Montenegro em Espinho.
• Há faturas de betão ligadas à construtora ABB, suspeita de favorecimento em obras públicas.
• Não há arguidos constituídos. Não há despacho. Há apenas o eterno arrastar processual.
• Montenegro nega tudo: "Isso não existe", diz.

⏳ Quando a Justiça se faz de mármore, o poder esculpe a impunidade

Vivemos num país onde a justiça não é cega — apenas míope seletiva. Vê com nitidez quem rouba um pão no supermercado, mas tropeça em cimento fresco quando o escândalo tem gravata azul, assinatura ministerial e morada em Espinho.

O caso da casa de Luís Montenegro, o betão "oferecido" pela ABB, os pareceres do seu antigo escritório de advocacia, as adjudicações camarárias com cheiro a compadrio — tudo permanece num nevoeiro judicial conveniente, enquanto o tempo faz o que melhor sabe fazer em Portugal: abafar.

🧱 Betão mais rápido que o Tribunal

Segundo consta, o betão da moradia custou cerca de 37 mil euros. Veio de uma construtora que, por mera coincidência, também venceu concursos públicos. E foi entregue a um empreiteiro com ligações a redes que a PJ já investigava. Coincidências? Portugal é especialista em coincidências que escorregam sempre para o lado do poder.

Mas o mais grave é isto: há dois anos que a investigação prossegue sem conclusões públicas. Enquanto isso, o atual primeiro-ministro diz que o processo "não existe". E a verdade judicial continua trancada num cofre onde nem os ratos querem entrar.

📉 Quando o silêncio processual se torna cúmplice

A lentidão da justiça em Portugal não é inofensiva — é estruturalmente corruptora. Permite que os casos se diluam na espuma dos dias, protege os mais poderosos, descredibiliza o Estado de Direito e transforma a indignação popular num eco sem destino.

É por isso que a pergunta que se impõe não é "Montenegro cometeu um crime?"
A pergunta urgente é:

"Por que razão o processo está em marcha lenta, a engonhar como se a verdade fosse opcional?"

🚨 A justiça que tarda não é justiça — é teatro decadente

Os portugueses já não confiam. E com razão.
O Ministério Público não é um templo — é um palco onde se representa a moral, mas raramente se pratica.

E quando os juízes têm mais medo de tocar no poder do que de falhar à justiça, o betão político torna-se uma muralha contra a verdade.

Conclusão

É tempo de exigir o que é básico numa democracia funcional:

  • Prazos legais curtos para processos envolvendo figuras públicas.
  • Publicação obrigatória dos estados processuais (sem comprometer o segredo de justiça).
  • Transparência radical nos pareceres e adjudicações que envolvem altos cargos do Estado.
  • E uma justiça que sirva o povo — não os seus donos disfarçados de ministros.

Porque a justiça não pode ser um monumento.
Tem de ser um rio.
Ágil. Incisivo. Imparável.

Artigo autoria de 📖 Francisco Gonçalves e Augustus Veritas

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