Rui Rio: o Político NIN e a Comédia da Política Portuguesa

Rui Rio é o retrato perfeito de Portugal em caricatura: critica a justiça quando lhe convém, elogia-a quando lhe serve, e no resto do tempo finge que o problema é dos outros. Fala de ética como quem fala do tempo — uma conversa de circunstância — mas sempre a aplicar aos vizinhos, nunca à sua própria casa.

Apresenta-se como um outsider, quase um marciano aterrado em Lisboa ontem à tarde, que nada teve a ver com os últimos 50 anos de política nacional. Mas, surpresa!, foi um dos habitantes de primeira fila desse mesmo circo que hoje critica. É como um palhaço cansado que, depois de passar décadas a pintar a cara, resolve denunciar que o circo afinal é... um circo.

Rui Rio é o político NIN: não é carne nem peixe, não é oposição nem situação, não é liberal nem conservador, não é solução nem problema — é apenas Rui Rio. Uma entidade ambígua, nebulosa, que critica tudo e todos, mas nunca se compromete. É o mestre do "eu avisei", mas sempre depois da casa arder.

Quando fala de reformas, fá-lo como quem promete dieta enquanto devora um cozido à portuguesa. Quando fala de futuro, parece sempre olhar pelo retrovisor. E quando fala de Portugal, fá-lo como se estivesse acima da plebe, esquecendo-se de que também é um dos construtores deste Estado de mediania, de oportunismo e de irresponsabilidade crónica.

Em suma, Rui Rio é a sátira perfeita de Portugal: um país que critica a si mesmo, mas que no fundo não quer mudar. Um país de "nim", sempre à espera que um salvador venha de Marte, mas que se contenta com mais um político que sabe dizer tudo sem nunca fazer nada.

— Francisco Gonçalves
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