Um Estado Palestiniano Pode Sobreviver?

Geopolítica, terrorismo e o dilema do reconhecimento

Um Estado Palestiniano Pode Sobreviver?

O reconhecimento da Palestina por parte de países europeus trouxe consigo uma esperança renovada — mas também uma inquietação: é possível criar um Estado palestiniano funcional no coração de uma das regiões mais instáveis do mundo, sem que esse Estado seja capturado por forças extremistas?


🧱 1. A Realidade Geopolítica da Região

O novo Estado palestiniano, a existir, nasceria rodeado de atores hostis e redes sombrias:

  • Irmandade Muçulmana, matriz ideológica do Hamas.
  • Irão, financiador e mentor militar do terrorismo regional.
  • Síria, palco de milícias jihadistas e tráfico de armamento.
  • Rússia, que explora conflitos para desestabilizar o Ocidente.
  • Israel, que vê em qualquer concessão um risco existencial.

É neste barril de pólvora que se tenta plantar uma flor chamada Palestina.


🔥 2. O Perigo de Nova Tragédia (Outro 7 de Outubro)

A pergunta é dura, mas necessária: quem garante que um novo Estado palestiniano não será infiltrado, capturado ou instrumentalizado?

O Hamas ainda goza de popularidade. A Autoridade Palestiniana é fraca e corrupta. As fronteiras seriam vulneráveis. E o desemprego é gasolina para o extremismo.

Sem um plano internacional robusto, tudo poderá repetir-se.

Requisitos mínimos para evitar o colapso:

  • Desarmamento completo de milícias (Hamas incluído).
  • Missão internacional de estabilização sob mandato da ONU e países moderados.
  • Reconstrução e desenvolvimento económico com controlo directo dos fundos.
  • Educação laica, supervisão das mesquitas e reforma da autoridade civil.
  • Acordo final de paz com Israel, incluindo garantias de segurança permanentes.
"Se não dermos ao povo palestiniano uma pá, uma escola, um salário e uma bandeira... alguém lhes dará uma Kalashnikov e um slogan de morte."

⚖️ 3. O Dilema Europeu

Ao reconhecerem a Palestina, os países europeus não legitimam o Hamas — pelo contrário, procuram criar uma alternativa institucional que possa isolar o extremismo.

Mas sem um plano de longo prazo e uma aliança internacional ativa, o risco de fracasso é gigantesco. E um Estado falhado pode tornar-se ainda mais perigoso do que a ausência de Estado.


✍️ Conclusão

Sim, é perigoso criar o Estado da Palestina no meio deste inferno geopolítico.

Mas talvez ainda mais perigoso seja não o fazer — e deixar a população palestiniana num limbo perpétuo, onde o extremismo floresce como única saída.

É uma aposta de alto risco… mas talvez a única capaz de salvar Israel da guerra eterna e os palestinianos da instrumentalização infinita.

"Não há paz duradoura sem justiça. E não há justiça duradoura sem coragem."

Artigo por Francisco Gonçalves, com coautoria de Augustus Veritas — Fragmentos do Caos, Setembro 2025.

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