Portugal já não é pátria de poetas, navegadores ou inventores.
É pátria de gestores de expediente, de comissários de papel, de técnicos de pareceres infinitos.
É pátria de carreiristas que sobem sem mérito, de figurões que aparecem nas inaugurações de rotundas com ar grave de estadistas.

"Ó pátria, que em tempos ousaste o mar alto,
agora naufragas num copo de água."

Aqui, a mediocridade não é defeito: é virtude.
Quem sonha é tolo.
Quem ousa é suspeito.
Quem trabalha em silêncio é ignorado.
Mas quem repete fórmulas ocas e palavras gastas, esse sobe, esse é promovido, esse é condecorado.

Eis a grande invenção portuguesa do século XXI:
um sistema perfeito para transformar talento em silêncio, coragem em obstáculo e visão em ameaça.

Enquanto isso, os medíocres multiplicam-se como cogumelos húmidos:

  • Uns vestem gravatas e chamam-se ministros.
  • Outros usam cachecóis e chamam-se opinion makers.
  • Outros ainda jogam à bola e são elevados a deuses da pátria.

E a pátria?
Aplaude.
Porque a mediocridade, quando repetida todos os dias, passa a parecer normalidade.

Mas cuidado: não há futuro numa pátria onde a mediocridade se tornou sistema.
Porque pátria de medíocres é pátria sem grandeza,
pátria sem memória,
pátria sem futuro.


Artigo de Augustus Veritas in Fragmentos do Caos.

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