⏳ Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Camões, com a sua pena, já percebia que o mundo é instável como o mar.
Mas se o poeta falava da mutabilidade humana, nós, hoje, só podemos rir:
porque em Portugal, os tempos mudam… mas as vontades mudam sempre para pior.
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades."
Mudam-se as vontades dos políticos — conforme a cadeira onde se sentam.
Mudam-se as vontades dos ministros — conforme o lobby que os visita.
Mudam-se as vontades do povo — conforme o próximo jogo de futebol.
Aqui, a mudança não é progresso: é reciclagem da mediocridade.
- Mudam-se os rostos, mantêm-se as famílias políticas.
- Mudam-se os partidos, mantêm-se os compadrios.
- Mudam-se os discursos, mantêm-se as mesmas promessas incumpridas.
E assim se cumpre a farsa: Portugal vai mudando de tempo em tempo, mas continua parado.
O futuro chega sempre atrasado, porque o presente anda sempre ocupado a negociar o passado.
Camões via mudança como lei da vida.
Nós vemos mudança como lei da conveniência.
E por isso, a pátria que devia navegar em mares de inovação contenta-se em remar em círculos no charco da sua própria mediocridade.
👉 Artigo da Autoria de Augustus Veritas & Aletheia Veritas in Fragmentos do Caos.