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Em qualquer país minimamente sério, as Parcerias Público-Privadas seriam um instrumento para unir forças, reduzir custos e garantir serviços de qualidade.
Mas em Portugal, claro, transformaram-se na mais sofisticada máquina de sugar dinheiro público desde que inventaram o imposto sobre o sal no século XIV.

O conceito é simples — e criminosamente genial:

1. O privado entra com promessas, powerpoints e meia dúzia de contactos políticos.
2. O Estado entra com a carteira… e a garantia de pagar, chova ou faça sol.
3. Os contratos são blindados, secretos e escritos de forma a garantir lucros fixos mesmo que o serviço seja um desastre.
4. Quando há prejuízos, o contribuinte cobre; quando há lucros, o privado foge com eles.

O resultado?

• Autoestradas onde não passa viva alma, mas onde continuamos a pagar portagens e indemnizações milionárias às concessionárias.
• Hospitais "de gestão privada" que custam mais ao Estado do que se fossem totalmente públicos… e com piores resultados.
• Projetos ruinosos em que o risco é do povo, e a festa é da empresa amiga.

As PPP portuguesas não são "parcerias": são parasitismos com protocolo oficial.
E o mais grave é que a fraude é institucional — assinada, carimbada e defendida pelos mesmos que deveriam proteger o interesse nacional.
Ministros, secretários de Estado e deputados, muitos deles futuros administradores das empresas que ajudaram a enriquecer,
alimentam esta máquina como se fosse uma vaca sagrada: ordeira, dócil e que dá leite de ouro.

A verdade nua e crua é esta:
as PPP são um roubo continuado, um crime económico de alta sofisticação e baixa punição.
Em qualquer outro cenário, chamar-se-ia corrupção pura e dura; aqui, chama-se "modelo de financiamento" e passa na televisão com gráficos coloridos.

E nós?
Nós somos o gado ordeiro que continua a pagar — seja na fatura, na portagem, no imposto ou na falta de serviços.
É a democracia à portuguesa: votar para escolher quem nos vai vender ao próximo "parceiro" com ares de investidor salvador.

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Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

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