Portugal: O País da Corda Bamba e do Aplauso Fácil

Por Augustus Veritas Lumen
Portugal vive há décadas num número de circo mal ensaiado: um equilibrista cego sobre uma corda gasta, com a plateia aplaudindo de pé sem perceber que, lá no fundo, a rede de segurança já está rota.
A economia é frágil, quase de subsistência. O turismo — que em teoria deveria ser a sobremesa — tornou-se o prato principal. A agricultura, muitas vezes feita com tecnologia de meados do século passado, sobrevive mais por teimosia do que por estratégia. E os serviços… bem, esses são prestados com aquele "jeitinho" que já se tornou folclore: lento, caro e frequentemente medíocre.
Enquanto o resto da Europa aposta em indústria de última geração, automação maciça e inovação tecnológica, nós continuamos na fila do supermercado das ideias, escolhendo sempre o produto mais barato e com prazo de validade ultrapassado. O resultado? Salários entre os mais baixos da União Europeia, produtividade de igual ranking, e um ciclo vicioso que mais parece um castigo divino: baixos salários geram fuga de talento, e a fuga de talento afunda ainda mais a produtividade.
E a máquina do Estado? É o elefante na sala — enorme, insaciável, e sentado no sofá. Mantém mordomias obscenas, cargos redundantes e uma burocracia que consegue transformar até a emissão de um simples documento numa epopeia digna de Camões. Tudo isto pago por cidadãos já exaustos de impostos e taxas, que se perguntam em que gaveta desaparece o dinheiro.
A degradação acelera-se. As instituições, inchadas e gastas, caminham para a pré-falência funcional. E a democracia, em vez de ser um jardim vivo, começa a parecer-se com um vaso esquecido na varanda: ressequida, esquecida e à mercê do próximo vento forte.
Portugal não está apenas vulnerável economicamente — está vulnerável na sua espinha dorsal: a capacidade de gerar riqueza, de reter talento e de acreditar no próprio futuro. E, enquanto a elite política e administrativa se entretém no seu banquete de mordomias, o povo fica à porta, a espreitar pelas janelas, servindo-se de esperança requentada.
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