Portugal: O Mercado da Escravatura Moderna

Um país de salários de miséria
Portugal vangloria-se de ser "europeu", mas mantém a esmagadora maioria da sua população presa a salários indignos. O trabalhador português é dos mais mal pagos da União Europeia, e nem por isso é menos produtivo. O problema não está na falta de esforço — está num modelo económico que vive da exploração barata.
A indústria da precariedade
Para agravar a ferida, multiplicaram-se as empresas de trabalho temporário e os famigerados "body shops". Estes intermediários não produzem nada: enriquecem apenas revendendo a transpiração dos trabalhadores a preço de ouro.
- Ao trabalhador dão-lhe um salário miserável.
- À empresa final cobram um valor exorbitante.
- No meio, acumulam fortunas sem acrescentar uma migalha de valor à economia.
É a institucionalização da precariedade, com contratos de papel fino, promessas vazias e direitos sempre adiados.
Governos cúmplices por omissão
E onde estão os governos?
Estão a aplaudir, de braços cruzados. A fiscalizar, não. A legislar a sério, muito menos.
Durante décadas, sucessivos governos fecharam os olhos a este esquema de subcontratação, permitindo que empresas públicas e privadas lavassem as mãos e se isentassem de responsabilidades laborais.
Quem lucra são sempre os mesmos. Quem perde é sempre o povo.
Consequências de um modelo podre
- Fuga de cérebros: jovens qualificados partem para fora, fartos de sobreviver com salários de sobrevivência.
- Dependência eterna: Portugal continua a competir à custa do "custo baixo", nunca da inovação.
- Desespero social: famílias inteiras vivem no fio da navalha, esmagadas entre rendas absurdas e salários mínimos.
Uma escravatura moderna
O mercado de trabalho português transformou-se numa escravatura moderna legalizada.
Um trabalhador não é visto como ser humano, mas como uma mercadoria descartável, vendida ao quilo pela empresa de intermediação.
O caminho de saída
Não há milagres — há escolhas:
- Fiscalização implacável destas empresas de intermediação.
- Leis claras que impeçam o abuso da subcontratação.
- Aposta estratégica em setores de inovação e valor acrescentado, não na exploração barata.
- Salários dignos como prioridade nacional, sob pena de continuarmos a exportar talento e importar miséria.
👉 Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos.