Portugal é um país pequeno, mas fértil em mediocridade. Não a mediocridade tranquila, inofensiva, dos que apenas vivem sem grande brilho — mas a mediocridade perigosa, armada em virtude nacional, convertida em sistema de governo, enraizada como erva daninha nas instituições.

São eles os medíocres de paletó e gravata, os doutorados em "cunhologia aplicada", especialistas em inaugurar rotundas, mestres em prometer para nunca cumprir.
Esses medíocres, perigosos porque ocupam lugares de poder, tratam Portugal como quintal próprio: distribuem cargos, esmolas e tachos, sempre com o sorriso da hipocrisia colado ao rosto.

O Povo como Cenário de Teatro

Ao povo, sobra o papel de figurante. Chamam-no apenas de quatro em quatro anos para aplaudir, votar e, se possível, esquecer.
Prometem "modernização", mas oferecem papelada.
Prometem "crescimento", mas distribuem esmolas.
Prometem "justiça social", mas aplicam taxas, impostos e burocracia até à exaustão.

É um teatro pobre, onde os atores se repetem, mudando apenas a cor da bandeira. Uns pintam-se de azul, outros de vermelho, outros de laranja — mas todos pertencem à mesma irmandade: a irmandade da mediocridade.

Os Perigosos da Estagnação

O verdadeiro perigo destes medíocres é que não deixam nascer nada novo.
A criatividade é esmagada por regulamentos, o mérito é soterrado sob favores, e a inteligência é exilada para outros países — onde a mediocridade não tem tanto palco.

Portugal, que podia ser farol de inovação, limita-se a ser lanterna fraca numa esquina europeia, onde a burocracia é mais valorizada que o génio, e onde se investe mais em festas e foguetório eleitoral do que em ciência, indústria ou futuro.

O Julgamento da História

Mas há uma certeza: a História não absolverá esta gente.
Não absolverá quem transformou um país promissor em terra de estagnação.
Não absolverá quem fez da política um palco de vaidades e de esquemas.
Não absolverá quem ergueu muralhas de papelada em vez de pontes para o futuro.

A História é implacável: regista tudo, mesmo quando o povo esquece.
E quando chegar a hora de escrever o veredicto, os nomes destes medíocres ficarão gravados não nos manuais de glória, mas nos catálogos da vergonha.


👉 Francisco Gonçalves, in Fragmentos do Caos.

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