Portugal arde. E não é apenas a floresta que se desfaz em cinzas: são aldeias inteiras, casas, vidas, gerações de gente que construiu com suor e sacrifício o pouco que tinha. O país está em chamas há quatro semanas, e a pergunta que ecoa é simples: onde está o Estado?

O que vemos é um espetáculo de incompetência, corrupção e abandono. Bombeiros exaustos, sem meios. Populações sozinhas a defender casas com mangueiras de jardim. Proteção Civil reduzida a comunicados burocráticos. E, no meio do inferno, as únicas viaturas que nunca falham são as das televisões, ávidas de imagens para o horário nobre.

Isto não é azar. Isto não é apenas clima. Isto é a consequência direta de décadas de má governação, de interesses instalados e de um Estado gordo em cargos inúteis, mas magro em prevenção, vigilância e investimento.
Enquanto a floresta se transforma em carvão, há quem conte lucros com aluguer de meios aéreos, negócios de madeireiros de ocasião e subsídios que nunca chegam a quem mais precisa.

Estamos perante um crime hediondo contra o povo português. Um povo que paga impostos até ao último tostão, mas que vê os seus impostos arderem com as suas casas. Um povo que é enganado todos os anos com promessas de "planos de prevenção" que nunca saem do papel.

É este o país que temos: governado por incendiários políticos, alimentado por interesses obscuros, e mantido num ciclo de tragédia anunciada.
O fogo não é apenas natural. O fogo é sistémico, político, criminoso.

E o mais grave: o silêncio cúmplice de quem devia proteger transforma-se em cumplicidade criminosa.


Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos.

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