Ano após ano, as cinzas cobrem o país… e os culpados ficam na sombra

Portugal está a arder. Casas destruídas, famílias em fuga, vidas suspensas — e as televisões em modo reality show, transmitindo chamas em alta definição, entrevistas lacrimosas e declarações "técnicas" que não passam de propaganda reciclada.
No entanto, por trás da cortina de fumo mediática, há uma verdade tão incandescente como as labaredas: a maioria destes incêndios é criminosa.

O próprio Relatório da Comissão Técnica Independente do Parlamento já alertava que "entre 1996 e 2010, 90% dos incêndios florestais tiveram origem humana, sendo 75% intencionais" (Parlamento.pt).
E, em 2025, a Cadena SER confirma: "20% dos incêndios são intencionais, 30% por negligência", num território "abandonado e dominado por monoculturas de eucalipto" (Cadena SER).


A mentira do "ordenamento"

Todos os anos, os políticos e os especialistas de estúdio repetem o mantra: "Temos de apostar na gestão do território e no ordenamento florestal".
Mas esta é a meia-verdade conveniente:

  • Se o fogo for posto, não interessa se a mata está limpa ou se o mato está aparado — vai arder.
  • Um fósforo bem colocado com vento seco incendeia até uma plantação cuidada ao milímetro.

Enquanto isso, a nova Lei de Política Criminal (2025–2027) promete "agravar e tornar inibidoras as penas de incêndio florestal" (RTP), mas este endurecimento é o reconhecimento implícito de que até hoje a impunidade foi regra.


O espetáculo das televisões

As televisões alimentam o drama:

  • Diretos junto a paredes de chamas.
  • Entrevistas com bombeiros exaustos.
  • "Peritos" que falam do vento e da humidade, mas quase nunca das redes criminosas.

O caso de 2024 mostra como o padrão se repete: 121 mil hectares ardidos em apenas uma semana de setembro, com as autoridades a reconhecerem "padrão que aponta para mão criminosa" (Wikipedia).


A impunidade como combustível

Nos últimos dias, a Polícia Judiciária deteve apenas três suspeitos de incêndio criminoso, um deles reincidente (RTP).
Mas as grandes redes que lucram com a destruição — seja para reconversão de terrenos, reflorestação subsidiada ou contratos de limpeza — continuam intocáveis.


O abandono das populações

Enquanto ministros e autarcas fazem conferências de imprensa, há aldeias inteiras que ficam à mercê do fogo durante horas.
Não são casos isolados as queixas de habitantes que afirmam:

"Ligámos para os bombeiros às três da tarde e só chegaram às onze da noite."

Isto não acontece apenas por "falta de meios" — acontece porque:

O sistema de comando é burocrático e centralizado, desperdiçando minutos preciosos.

Muitas corporações são voluntárias, sem contingentes permanentes suficientes para cobrir grandes áreas rurais.

Os cortes orçamentais fora da "época alta" deixam zonas vulneráveis e sem vigilância.

Enquanto as populações improvisam linhas de água e combatem o fogo com pás, o Estado que lhes cobra impostos não lhes devolve a proteção mínima.
O que sobra, além das cinzas, é a sensação de abandono e de que a vida no interior vale menos.

Conclusão

Portugal não precisa apenas de "ordenamento florestal" — precisa de investigação criminal séria, penas efetivas e de cortar os interesses que vivem do fumo.
Enquanto a mão criminosa não for o alvo principal, o verão continuará a ser a época alta… para a indústria das chamas.


Um artigo de Francisco Gonçalves e co-autoria e investigação de fontes de Augustus Veritas Lumen.


Portugal em Chamas: A Indústria do Fogo 🔥

  • 90% dos incêndios têm origem humana; 75% são intencionais (Parlamento.pt).
  • Este ano: 20% intencionais, 30% por negligência (Cadena SER).
  • Terrenos limpos ou não, o fogo posto arde sempre.
  • 121 mil hectares destruídos numa semana em 2024, com "padrão criminoso" (Wikipedia).
  • Apenas 3 detidos este ano, um reincidente (RTP).

💬 Populações desesperadas:

"Ligámos às 15h, chegaram às 23h."

Enquanto não se atacar a mão criminosa e não se profissionalizar a resposta, o fogo será sempre negócio para alguns e tragédia para todos.


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