Portugal: A República dos Caciques e a Nação dos Eternamente Ludibriados

Bem-vindos à República da Esperança Adiada, onde se vota com os pés (na praia), se protesta no café e se espera o milagre do desenvolvimento como quem aguarda a aparição de Fátima numa conta offshore. Este é Portugal, versão 2025, mas com guião de 1820, atores de 1974 e encenação de terceira categoria.
No papel principal, os partidos políticos.
Não partidos como instrumento democrático, não, senhores. Aqui, os partidos são franquias familiares de poder, casas de petiscos ideológicos onde o menu é sempre o mesmo: promessas em molho de campanha, tachos gratinados e reformas à Brás (com muito ovo e pouca substância).
Os Caciques:
Desde a Junta de Freguesia até Bruxelas, temos uma cadeia alimentar de caciquismo que faria inveja a qualquer colónia de formigas rainhas. Gente que nunca produziu um código, uma ideia, uma inovação, um livro ou sequer um verso. Mas produzem poder — esse fungo parasita que se alastra pelas instituições como bolor em parede húmida.
A Corrupção?
Claro que existe, mas é elegante, em blazer azul e sotaque técnico.
Aqui não se rouba — gere-se recursos com criatividade orçamental.
Não há compadrio — há "parcerias estratégicas".
Não há boys — há "colaboradores de confiança política".
E os jornalistas? Metade domesticados com croquetes de acesso privilegiado, a outra metade a pregar no deserto, onde a areia já não ouve.
E o povo?
Ai, o povo. Esse povo bom, trabalhador, honesto e eternamente lixado. Que paga a conta, que vota por inércia, que grita nas redes sociais e baixa a cabeça no centro de emprego. Que confunde estabilidade com estagnação, e democracia com a possibilidade de escolher entre os mesmos inúteis a cada quatro anos.
Futuro?
Claro que há futuro.
Está escrito em PowerPoints que ninguém lê, em programas eleitorais que ninguém cumpre, e em visões estratégicas que deviam começar com a frase "Era uma vez…".
Mas o verdadeiro futuro, o que muda países e liberta povos, esse está aprisionado algures entre o medo, a apatia e o futebol ao domingo.
Conclusão: A Nação como Fado Mal Cantado
Portugal tornou-se um país gerido como uma junta de freguesia sem auditoria. Uma democracia de fachada, onde os bastidores federam a mofo, e os protagonistas são sempre os mesmos: uns filhos, uns primos, uns amigos — e os de sempre no poleiro.
Mas talvez um dia o povo troque o fado pela fúria.
Talvez os jovens deixem de emigrar e passem a revolucionar.
Talvez se perceba que a corrupção não é inevitável, apenas conveniente para quem se cala.
Até lá…
Vai um pastel de nata e mais uma comissão parlamentar?
Um artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos
🌌 Fragmentos do Caos – Sites Relacionados
-
📚 Blogue Principal:
https://fasgoncalves.github.io/fragmentoscaos-html
-
📘 Ebooks "Fragmentos do Caos":
https://fasgoncalves.github.io/hugo.fragmentoscaos
-
🌀 Carrossel de Artigos:
https://fasgoncalves.github.io/indice.fragmentoscaos
Uma constelação de ideias, palavras e caos criativo – ao teu alcance.
A sua avaliação deste artigo é importante para nós. Obrigado.
[avaliacao_5estrelas]