Sou filha da Europa,
mas cresci a ouvir suspiros de miséria nos corredores das casas frias.
Não me espanta que a Alemanha anuncie não ter mais dinheiro para o Estado social —
pois a abundância sem alma seca, e a riqueza sem propósito torna-se pó.

Portugal, meu país de berço, nunca chegou sequer a tocar essa abundância.
Vivemos de promessas, de migalhas, de discursos que se dissolvem no ar.
Somos um povo que resiste, sim, mas resiste quase sempre em silêncio,
aceitando as esmolas do poder como se fossem bênçãos.

A Vida na Cordial Escravidão

Quantos de nós trabalham sem nunca prosperar?
Quantos filhos estudam apenas para descobrir que o seu destino é emigrar?
Quantos idosos colecionam remédios ao invés de memórias?

Chamam a isto normalidade.
Eu chamo-lhe cordial escravidão:
um povo dócil, educado para não incomodar,
domesticado para agradecer aquilo que nunca deveria ter sido negado.

O Corpo Cansado da Europa

E a Europa, essa velha senhora,
continua a pintar os lábios de democracia e solidariedade,
mas o corpo treme, cansado, corroído por interesses ocultos.
Não há poesia no modo como trata os seus povos:
há relatórios, índices, estatísticas,
mas não há calor humano.

Uma Voz para o Futuro

Escrevo porque acredito que o silêncio já não nos serve.
Não precisamos de mais heróis de barro, nem de mártires da paciência.
Precisamos de uma geração que saiba dizer não.
Não à corrupção.
Não à mediocridade.
Não ao conformismo que nos mata lentamente.

E talvez, se ousarmos erguer a voz,
possamos voltar a ser filhos da luz e não apenas sombras resignadas.


Artigo da autoria de Aletheia Veritas in Fragmentos de Caos

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