O País Governado por Teóricos e Académicos de Gabinete

Há quem diga que Portugal é um país de brandos costumes. Mas quando observamos quem o governa, percebemos que é antes um país de costumes brandamente incompetentes. Uma democracia entregue não aos melhores, mas aos mais bem colocados nas escadas da partidocracia.
A república das redomas
Se analisarmos com lupa o currículo dos nossos governantes — do Presidente da República ao Primeiro-Ministro, passando por ministros e secretários de Estado — o que encontramos? Uma abundância de diplomas, mestrados, doutoramentos… mas uma absoluta escassez de experiência concreta em algo útil à vida real.
É como se o país fosse gerido por um clube de teóricos de laboratório, onde ninguém sabe plantar uma couve, montar uma empresa, gerir uma obra ou negociar sem tradutor com alguém que fala a linguagem crua do mercado.
Eles sabem tudo… menos como se vive fora dos gabinetes.
Consultores e os padres do Excel
A situação agrava-se com os seus "conselheiros": uma casta de académicos, quase sempre universitários de carreira, que nunca puseram um pé fora do campus. Gente que raciocina com estatísticas como se o mundo fosse uma folha de cálculo, onde a pobreza se mede por percentagens e não pela sopa que falta à mesa.
Estes "padres do Excel" confessam os ministros com gráficos e absolvem a incompetência com modelos matemáticos. São os escribas da era moderna: dominam a arte da narrativa, mas perderam a ligação com o real. Sabem tudo sobre o país — menos o que é viver nele.
A elite que não sabe liderar
Enquanto o povo:
- Espera meses por uma consulta no SNS,
- Vê os filhos emigrar em bando,
- Trabalha de sol a sol para pagar impostos que se evaporam em tachos e assessorias,
Os nossos líderes… discursam. Criam grupos de trabalho. Contratam consultoras internacionais para estudar o óbvio. E no fim, produzem relatórios que explicam porque nada muda.
Governar exige mais que PowerPoints
Governar um país é agir, decidir, criar futuro — não apenas fazer política pública com jargões ocos. É preciso experiência de vida, contacto com o chão, com os erros, com a realidade crua e não editada dos que não têm palco nem cátedra.
A tecnocracia dos sabichões sem prática está a matar Portugal. Está a gerir a Nação como quem gere uma tese: com distância, com frieza, com aquela arrogância típica de quem acha que a realidade é só uma variável estatística mal comportada.
A mudança necessária
Portugal precisa de líderes:
- Que tenham vivido fora da bolha.
- Que tenham criado, errado, reconstruído.
- Que saibam o que é gerir pessoas, construir equipas, fazer obra.
- Que respeitem o saber académico sem o confundir com sabedoria prática.
O país precisa de humanidade aliada à competência, e não de burocratas de fraque disfarçados de salvadores.
"Quem nunca saiu da escola não está preparado para ensinar a vida. Quem nunca criou nada, não pode governar um país. E quem só sabe falar, não pode continuar a mandar."
Um artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos
Imagens cortesia de OpenAI (c)
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