Há histórias que resumem épocas inteiras melhor do que tratados políticos ou económicos. Esta é uma delas.

Durante a grande recessão de 2008, um engenheiro veterano do Vale do Silício — um homem com décadas de experiência, um arsenal de competências raras e um currículo que qualquer empresa deveria disputar — estava desempregado há meses. Ninguém lhe abria a porta. Tinha quase sessenta anos. Tinha rugas. Tinha cabelos grisalhos.

E, por isso, tinha o maior pecado de todos: parecia velho.

Anos depois, reencontrou-se com um amigo. Estava irreconhecível: sorridente, rejuvenescido, com ar triunfante. O segredo? Não fora um curso novo, não fora uma certificação, não fora sequer um projeto inovador. Não. O que lhe abriu as portas foi um lifting facial e um transplante capilar. Logo após a "renovação estética", o primeiro entrevistador contratou-o.

Não foi o cérebro, foi a embalagem.
Não foi a competência, foi a cosmética.


A metáfora de um país inteiro

Esta anedota cruel não é apenas sobre o mercado de trabalho americano e europeu. É um retrato perfeito do que Portugal se tornou desde finais dos anos 80: um país de lifting político, botox partidário e transplantes de imagem.

  • Os partidos rejuvenescem com slogans vistosos, mas escondem as rugas de décadas de incompetência.
  • Os dirigentes públicos não são escolhidos pela profundidade da sua visão, mas pela fotogenia em horário nobre.
  • As empresas são tomadas de assalto por carreiristas cosméticos, cujo talento principal é parecer modernos em "powerpoints".

O engenheiro com rugas é o povo português: cheio de experiência, de história, de cicatrizes de luta, mas rejeitado por quem só quer a aparência da juventude eterna.


O lifting da corrupção

E assim, a corrupção floresce.
Porque quem governa já percebeu a regra do jogo: não é preciso ser sério, basta parecer sério.
Não é preciso servir o povo, basta sorrir no telejornal.
Não é preciso competência, basta uma injeção de retórica com efeito imediato — como ácido hialurónico aplicado na consciência nacional.

Enquanto isso, a mediocridade governa como um cirurgião plástico sem licença: corta, estica e mascara até que ninguém reconheça a decadência estrutural que está por baixo.


A moral da história

O engenheiro conseguiu trabalho porque apagou as marcas do tempo.
Portugal continua sem rumo porque insiste em escolher líderes que vivem de apagar rugas com palavras.

E assim seguimos, neste teatro de vaidades, onde o futuro não se mede em ideias, mas em cremes anti-idade.


✍️ Augustus Veritas Lumen
Para quem a verdade não precisa de botox


NOTA : Esta é a historia de Alfredo Navala, studied Engineering at California State University System, que viveu na crise de 2008, e agora publicada na rede Quora. Mas esta situação vivida [ foi ] e podia ser a de muitos de nós, engenheiros de computação altamente qualificados e com décadas de experiência. Só que não estávamos dispostos a trocar o cérebro por um lifting.

A dignidade e a espinha dorsal não se curvam à hedionda horda de mediocridade e incompetência, que abala as sociedades modernas, da selfie. do novo e também das crises que se lhe vão seguir.

É lúgubre o estado da incompetência e da mediocridade a que chegámos.

Já os politicos, velhos e a cair aos cacos, com 70 e mais de 80 anos, até já com as faculdades intelectuais diminuidas, continuam a reinar e a ter empregos nas administrações de empresas publicas e privadas, numa dança de cadeiras e de rodos de dinheiro.

Este é também o estado a que chegámos e a que importa pôr cobro.

-- Francisco Gonçalves

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