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Dizem alguns que Vladimir Putin estaria disposto a aceitar uma paz se lhe reconhecessem o domínio de Donetsk e Lugansk. Como se o czar moderno fosse um homem satisfeito com migalhas de território. Como se a fera, após devorar um pedaço, se deitasse sossegada à sombra, sem desejar o resto da presa.

A verdade é crua e simples: Putin não quer a paz. Quer o tempo.
Tempo para rearmar. Tempo para treinar. Tempo para transformar os territórios já ocupados em fortalezas russificadas. É o método que já aplicou na Geórgia com a Abkházia e a Ossétia do Sul; na Moldávia com a Transnístria; e, claro, na Crimeia desde 2014. Sempre o mesmo guião: criar um "conflito congelado" que anestesia as consciências internacionais e mantém viva a chama do expansionismo.

O Ocidente, cansado e medroso, finge não perceber. Suspira por qualquer promessa de trégua, como um doente terminal que agradece ao carrasco por adiar a execução. Os líderes europeus falam de "soluções realistas", mas a realidade é outra: ceder território à Rússia não trará paz, apenas abrirá caminho à próxima invasão.

Putin joga um xadrez sujo. Cada cessar-fogo é um intervalo para afiar a faca. Cada acordo é um papel sem valor, destinado a ser rasgado quando a oportunidade surgir. Donetsk e Lugansk seriam apenas mais um troféu na vitrine, enquanto o verdadeiro prémio continua à vista: toda a Ucrânia. E quem sabe depois, quando a engrenagem estiver novamente oleada, um teste à fragilidade da NATO e da União Europeia.

A história repete-se porque poucos querem enfrentá-la de frente. Hitler também "apenas" queria os Sudetas em 1938. O resultado é conhecido. Hoje, a ilusão da paz pode custar caro.

Putin não busca o fim da guerra — busca apenas congelar o campo de batalha até que chegue a primavera do próximo avanço.
Quem não vê isto, ou é ingénuo… ou prefere ser cúmplice.

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Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos do Caos

Um historial de um Rússia que nunca foi confiável e muito menos com o czar Putin!

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