Nos finais da década de 80, Portugal descobriu a sua verdadeira vocação: não era a de ser "um país moderno na Europa", mas sim um país especialista em transformar a corrupção em método de governo e a mediocridade em valor nacional.

Foi a época em que a partidocracia ocupou as empresas públicas e privadas como quem ocupa uma herdade. Não havia bois nem oliveiras, mas sim Carrasqueiras de poder, pastagens de contratos chorudos e vinhas de privatizações mal paridas.

A invasão dos "boys"

Surgiu então a fauna política que ainda hoje nos assombra: os famosos boys e girls, catapultados para administrações milionárias sem nunca terem gerido sequer uma mercearia de bairro. Com a sua competência inata para a intriga, transformaram empresas sólidas em sorvedouros de dívidas. O currículo exigido era simples:

  • ter cartão partidário;
  • saber dizer "sim, chefe";
  • e, de preferência, ter estômago para engolir o país inteiro.

O saque disfarçado de privatização

Veio depois a febre das privatizações, vendidas como "modernização da economia". Traduzido: entregar ao compadrio internacional, a preço de saldo, o que tinha custado ao povo décadas de suor e impostos. Banca, telecomunicações, energia — tudo passou da mão pública para as mãos de amigos com boas ligações ao poder.

A TAP, a EDP, a PT, os bancos... uns foram destruídos, outros vendidos, outros ainda engordados para depois se descobrirem esqueletos nos armários. No fim, restou ao povo pagar a conta, como sempre.

O polvo partidário

O sistema montou-se de forma magistral: partidos a governar, empresários amigos a lucrar, advogados a limpar, jornalistas a silenciar. Uma teia perfeita de mediocridade, onde quem ousava questionar era arrumado na prateleira.

O Estado deixou de ser "para o povo" e passou a ser para o partido. E o partido deixou de ser ideia ou movimento: transformou-se em máquina de captura, saque e sobrevivência.

E o resultado?

Três décadas depois, Portugal tem:

  • autoestradas de luxo onde o povo quase não circula;
  • hospitais a cair e listas de espera dignas de um campo de guerra;
  • escolas sem professores, mas com muitos doutorados em corrupção;
  • uma dívida colossal e uma geração inteira a emigrar.

Enquanto isso, os mesmos nomes e as mesmas famílias continuam no palco, aplaudidos pelos próprios cúmplices e pagos com o dinheiro de todos.


👉 Eis o retrato do antro de corrupção e mediocridade que nasceu nos anos 80 e nunca mais saiu de cena.
Portugal não se governou: foi governado por abutres de fato e gravata, servidos à mesa por partidos que deviam ter sido faróis e transformaram-se em candeias apagadas pelo fumo da ganância.


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