Fumeiro, Alvarinho e Votos: A Democracia à Portuguesa

Ano eleitoral em Portugal é sempre uma festa. Literalmente. Os municípios abriram os cordões à bolsa e aumentaram em 32% os gastos com concertos. Porque, claro, nada diz "gestão responsável" como despejar milhões em Tony Carreira, Seu Jorge, ou numa tenda a abarrotar de chouriços e copos de vinho.
Chamam-lhe cultura. Eu chamo-lhe corrupção com banda sonora. Em vez de debates políticos, temos cartazes de verão. Em vez de planos para a saúde, temos palcos montados à pressa. Em vez de ideias para a educação, temos cachets gordos para artistas que, coitados, não têm culpa — afinal, cantam pelo que lhes pagam.
O povo? Embalado. O eleitorado dança, canta, bate palmas e esquece que o dinheiro saiu do bolso dele. Mas não faz mal: o importante é que o candidato sorria na primeira fila, com um copo de alvarinho numa mão e a outra no ombro do artista. Selfie tirada, voto garantido.
É um velho truque: "pão e circo" já não basta. Agora temos fumeiro e Tony Carreira. É a modernização da velha política romana, adaptada ao Portugal profundo. E funciona: em setembro ninguém se lembra das urgências fechadas ou das escolas sem professores. Só se lembram do refrão pegajoso que ouviram de borla.
E assim, com música de fundo, o país vai-se afundando alegremente. Porque se há coisa que os nossos autarcas sabem é isto: um povo que canta não protesta, um povo que dança não exige, e um povo que bebe… vota em quem lhe paga a festa.
Continuem a votar neles que a bebedeira nao passa!
Artigo de Francisco Gonçalves, que não se conforma com o estado a que chegámos.
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