Em Portugal, morrer já não é tragédia — é estatística.
O CODU não atendeu, o utente morreu, e a IGAS conclui que, afinal, era inevitável.
E pronto, problema resolvido: mais um morto arquivado em burocracia, com carimbo de "azar clínico".

É surreal. No país onde os impostos comem metade da vida do contribuinte, quando chega a hora da morte, o Estado já nem se dá ao trabalho de fingir que tenta salvar.
Se a chamada não foi atendida, azar. Se a ambulância não chegou, azar. Se o médico estava em greve, azar.
Tudo em Portugal é um eterno azar organizado.

No caso em causa, um idoso em paragem cardíaca. A conclusão oficial?
"Mesmo com condições optimizadas, o desfecho seria o mesmo."
Ou seja, pode falhar tudo que nada tem importância: telefone, ambulância, médico, sistema.
Afinal, o povo já nasceu condenado — e o Estado não é responsável por salvar vidas, mas por justificar mortes.

É como se estivéssemos num reality-show macabro chamado "Quem Quer Ser a Próxima Vítima?", transmitido em direto pelas televisões que preferem falar do calor, das ondas, do trânsito e da novela.
A verdadeira novela, a tragédia quotidiana de um país que normaliza falhas fatais, fica escondida no rodapé.

E depois perguntam-se porque é que os portugueses não acreditam no sistema.
Como acreditar num Estado que não atende a chamada da morte?
Como confiar num país em que a vida humana vale menos do que o relatório da IGAS?

Portugal tornou-se o único sítio da Europa onde a saúde não cura, a justiça não julga, e a política não governa.
Mas não faz mal — a culpa é sempre do azar.


👉 Um Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos.
"Saúde em Portugal: chamada não atendida"?

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