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Todos os anos, Portugal arde.
Todos os anos, políticos prometem "prevenção", "mais meios" e "penas mais duras para incendiários".
Todos os anos, as imagens de helicópteros no ar e ministros de colete fluorescente abrem telejornais.
E todos os anos… nada muda.

Não é falta de soluções — é excesso de interesses.
Os incêndios são um negócio milionário mascarado de tragédia.

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O Lucro das Cinzas

1. Meios aéreos
   • O Estado gasta centenas de milhões a alugar helicópteros e aviões, em vez de os ter próprios.
   • Curiosamente, as empresas que fornecem esses meios estão sempre ligadas aos mesmos nomes e círculos de influência.
   • Quanto mais tempo durar a época de incêndios… mais fatura entra.
2. Empreitadas de limpeza
   • Adjudicadas sempre aos mesmos, muitas vezes já depois da época alta, para "prevenir" fogos que já aconteceram.
   • Em alguns casos, a limpeza é simbólica, só para cumprir calendário.
3. Reconstrução e fundos pós-incêndio
   • Após grandes tragédias, há vagas de investimento público e fundos europeus para "recuperação" das áreas ardidas.
   • Quem ganha? Os empreiteiros, fornecedores e intermediários — muitas vezes sem qualquer ligação à terra afetada.

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O Lobby das Monoculturas

Enquanto o país continuar cheio de eucalipto e pinheiro bravo plantados até ao limite, o risco será sempre elevado.
Mas mexer nisto implicaria enfrentar a indústria da celulose — e nenhum governo quer perder um amigo tão generoso nas campanhas eleitorais.

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O Espetáculo Mediático

A prevenção não rende votos. Um helicóptero no ecrã, sim.

• Combater fogos dá imagens de ação, heroísmo e "governo no terreno".
• Prevenir é aborrecido, lento, e não dá para cortar fitas.

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Conclusão

Portugal não é refém do fogo — é refém da indústria do fogo.
Enquanto esta máquina de dinheiro e propaganda existir, cada verão será mais um episódio desta novela trágica, em que as vítimas são sempre as mesmas: as pessoas, a floresta e o futuro do país.

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Artigo de Augustus Veritas Lumen in Fragmentos de Caos

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