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Na noite passada, a Ucrânia sofreu o maior ataque da Rússia desde o início da guerra. Um ataque feroz, calculado, que expôs a fragilidade de quem insiste em acreditar que Moscovo recuará por cansaço ou por súbita bondade.

E a Europa?
Os dirigentes políticos da União Europeia e dos seus Estados-membros apressaram-se a declarar-se "indignados". Eis a palavra mágica. A indignação tornou-se o analgésico europeu, o substituto para a ação, a máscara que cobre a impotência política.

Mas o que é a indignação sem consequências?
É vento.
É teatro.
É o eco de vozes que sabem falar, mas não sabem agir.

A Europa já não age como ator histórico, mas como comentarista da sua própria decadência. A Rússia bombardeia, mata, esmaga cidades inteiras, e nós respondemos com comunicados mornos. Esperamos o quê?
– Que Putin acorde numa manhã com remorsos?
– Que a guerra se dissolva no cansaço?
– Que os povos europeus se habituem a ver a destruição até se tornar apenas mais uma notícia no meio do ruído diário?

A verdade é simples e brutal: indignação não salva vidas, não defende fronteiras, não protege democracias.
Sem ação, a Europa transforma-se em museu de valores, guardando relíquias de liberdade que já não sabe defender.

Dois medos paralisam os dirigentes europeus:

1. O espectro nuclear, sempre agitado pelo Kremlin como ameaça.
2. O custo político e económico interno, pois apoiar verdadeiramente a Ucrânia exige sacrifícios que os líderes receiam impor aos seus povos.

Mas a História não perdoa os indecisos.
Ou a Europa assume a coragem de agir — militar, estratégica e politicamente — ou verá a sua segurança corroída, passo a passo, até descobrir que a guerra não ficou confinada ao leste.

O teatro da indignação pode entreter os salões de Bruxelas, mas não engana os povos. A Europa precisa de resgatar a sua coragem ou aceitar o destino de ser apenas espectadora da tragédia que a cerca.

Porque no fim, a indignação sem ação é só cumplicidade mascarada de moralidade.

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🌍✍️Um artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos.

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