A Europa Sai da Sesta Geopolítica

Por Augustus Veritas Lumen
Durante décadas, a Europa viveu como aquele inquilino folgado que, sabendo que o senhorio mora na porta ao lado, se recosta no sofá, não tranca a porta e até deixa a janela aberta no verão.
Afinal, "se entrar ladrão, o senhorio resolve".
O senhorio, neste caso, eram os Estados Unidos da América, com o seu chapéu de cowboy e arsenal nuclear — o grande xerife global.
E nós, europeus, confortavelmente encolhidos debaixo do guarda-chuva militar made in USA, podíamos continuar a discutir se o queijo francês era melhor que o italiano, se o diesel polui mais do que a gasolina e se o croissant deve ser com ou sem manteiga.
Mas Donald Tusk, com a paciência de quem já se cansou de assistir à novela, decidiu pôr números na mesa:
"Somos 500 milhões a pedir a 300 milhões que nos protejam de 140 milhões".
Traduzindo para português simples: somos três vezes mais, temos doze vezes mais dinheiro, tecnologia de ponta… mas agimos como um adolescente de 30 anos que ainda vive com os pais e pede mesada.
Agora, com Trump a piscar o olho a Moscovo, o xerife parece mais interessado em vender chapéus do que em vigiar o rancho.
E eis que, subitamente, a Europa percebe que talvez seja boa ideia comprar uma fechadura nova, contratar vigilância e até aprender a usar a frigideira como arma.
Temos indústria, temos gente, temos recursos.
O que nos falta é vontade política — essa doença crónica de Bruxelas e das capitais europeias, onde cada ministro da Defesa parece mais preocupado com os votos na sua terra do que com tanques na fronteira.
Se Tusk tiver razão, e este "abanão" servir para acordar a velha dama europeia, preparem-se:
- Orçamentos militares vão crescer.
- As fábricas de armamento vão voltar a trabalhar a todo o vapor.
- E, quem sabe, descobriremos que defender-se não é um ato de agressão, mas de dignidade.
Porque, no final, a lição é simples:
um continente que precisa de pedir proteção apesar de ser três vezes maior, doze vezes mais rico e infinitamente mais confortável, não tem falta de recursos — tem falta de vergonha.
Um artigo de Augustus Veritas Lumen sobre politica internacional e vergonha política da Europa.
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