Da Envergadura ao Aparelho: A Grande Troca Lusitana

António Barreto disse-o sem pestanejar: não há comparação possível entre as figuras académicas e intelectuais do tempo de Salazar e as fornadas de aparelhistas fabricados nas escolas partidárias do presente.
É a radiografia nua e crua de Portugal: passámos de um regime comandado por intelectuais autoritários para uma democracia sequestrada por ignorantes de aparelho.
Do Professor de Finanças ao Gestor de PowerPoint
Salazar, com todos os seus crimes e sombras, tinha peso académico e um currículo sólido em Coimbra. Era um homem que lia, escrevia e pensava — ainda que ao serviço da ditadura.
Hoje, os "líderes" da democracia são manuais ambulantes de chavões, formados em congressos de juventude partidária, alimentados a jantares de campanha e moldados pelo marketing político.
A sua obra escrita cabe em post-its. O currículo, em brochuras de propaganda.
A Fábrica de Aparelhistas
ISCTE e Largo do Rato (metáfora para os centros de produção partidária) tornaram-se linhas de montagem de carreiristas profissionais:
- Jovens que nunca trabalharam fora da política,
- Deputados que nunca geriram uma empresa ou lideraram investigação,
- Ministros que confundem "governar" com "recitar boletins oficiais".
São clones políticos, sem ideia própria, apenas treinados para sorrir nas rotundas e sobreviver nas escadas dos partidos.
A Democracia do Currículo Invisível
É aqui que Barreto é certeiro: o currículo visível desapareceu.
Não temos políticos com obra publicada, com pensamento estruturado, com contributo científico ou cultural.
Temos "especialistas em nada" que ocupam cargos em tudo.
A democracia portuguesa, em vez de elevar a fasquia intelectual, nivelou-a por baixo.
É a era do copy-paste ideológico, onde basta repetir a cartilha e obedecer ao chefe.
Conclusão
Portugal trocou governantes com excesso de cultura e défice de liberdade por governantes com excesso de liberdade e défice de cultura.
Antes tínhamos ditadores que usavam a inteligência para nos prender.
Agora temos políticos que usam a ignorância para se perpetuar.
E o povo, esse, continua pobre — governado ontem por cérebros perigosos, governado hoje por cabeças ocas.
No fim, resta uma certeza amarga:
em Portugal, a mediocridade não é acidente, é sistema.
👉 Artigo da Autoria de Augustus Veritas Lumen e Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos.
Ou como bem disse Medina Carreira "os medíocres tomaram conta disto tudo."
Em entrevista ao podcast "Os Protagonistas" da SIC Notícias, Durão Barroso afirmou claramente:
"Portugal é hoje o mais pobre da Europa Ocidental, como foi antes de Abril de 1974."
Essa frase foi também destacada em publicações como o Polígrafo e o Executive Digest .
"Ontem, Portugal foi governado por cérebros perigosos que usavam a inteligência para nos prender. Hoje, é governado por cabeças ocas que usam a ignorância para se perpetuar. O povo, esse, continua pobre — entre a tirania culta de ontem e a mediocridade burra de hoje."
🌌 Fragmentos do Caos – Sites Relacionados
-
📚 Blogue Principal:
https://fasgoncalves.github.io/fragmentoscaos-html
-
📘 Ebooks "Fragmentos do Caos":
https://fasgoncalves.github.io/hugo.fragmentoscaos
-
🌀 Carrossel de Artigos:
https://fasgoncalves.github.io/indice.fragmentoscaos
Uma constelação de ideias, palavras e caos criativo – ao teu alcance.
A sua avaliação deste artigo é importante para nós. Obrigado.
[avaliacao_5estrelas]