Perguntam muitas vezes se existe governo em Portugal. A resposta é simples: não, não existe. O que temos é um grupo de rapazes engravatados, vestidos como se fossem a um batizado, que confundem a governação com uma festa de salão.

Em vez de ministros, parecem rótulos de garrafas: um Aguiar Branco, um Poiares Maduro… porque não juntar um Colares Tinto ou um Mateus Rosé? Ao menos seria mais honesto: o país está transformado numa carta de vinhos mal arrumada, onde a escolha nunca sacia e apenas embriaga.

Chamam a isto democracia madura. Mas madura de quê? De tanto tempo ao sol, apodrecida, como fruta esquecida na árvore. O que vemos é um jogo de índios: muita pintura, muito adereço, muito teatro, mas nenhuma estratégia para salvar a aldeia em chamas.

Enquanto isso, os problemas reais acumulam-se: a saúde pública em colapso, os jovens a emigrar, a justiça a arrastar-se, a economia a definhar. E o "governo" entretido a simular ser governo, distribuindo cargos e sorrisos em conferências de imprensa que não enganam ninguém.

Portugal não precisa de mais ministros de casaco novo ou discursos ensaiados. Precisa de líderes, de coragem e de verdade. Mas, em vez disso, servem-nos copos de vinho barato em garrafas pomposas, obrigando-nos a brindar à mediocridade.

O resultado está à vista: um país tonto, não de esperança, mas de desilusão.


Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

Artigo inspirado em cronica de António Lobo Antunes na revista Visão

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