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Foram nove anos. Nove longos, fotogénicos e televisivos anos de um presidente que conseguiu a proeza de estar em todo o lado e, ao mesmo tempo, em lado nenhum.

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📸 Ano 1 – O Presidente Selfie

Recém-eleito, Marcelo descobre que um smartphone é mais poderoso que um decreto. Tornou-se a mascote das romarias populares: enterros, batizados, enchentes, incêndios, festas da aldeia — nada escapava à lente.
Legado: o cargo deixou de ser "Presidência da República" e passou a "Presidência do Instagram".

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🏊 Ano 2 – O Marcelo Aquático

Entre mergulhos no Algarve e banhos improvisados em praias fluviais, o país descobriu que tinha um Presidente anfíbio. Sempre pronto a molhar-se… desde que fosse por caridade ou pela foto.
Legado: o único Presidente que podia ser confundido com nadador-salvador.

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🔥 Ano 3 – O Marcelo Bombeiro

Incêndios devastam o país. Marcelo aparece de camisa aberta, abraça bombeiros, consola desalojados… e volta para casa.
Legado: prevenção, zero; cobertura mediática, máxima.

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💬 Ano 4 – O Marcelo Comentador

Já não bastava ser Presidente — voltou a ser o "professor Marcelo" da TV. Comentava tudo: futebol, metereologia, a vida alheia e, ocasionalmente, política.
Legado: confundiu "magistério de influência" com "tertúlia de café nacional".

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📦 Ano 5 – O Marcelo Pombinho da Paz

Veto aqui, promulgação ali, mas sempre com um tom de "não quero chatear ninguém". Passou a vida a equilibrar-se entre o governo e a oposição, qual equilibrista de feira.
Legado: o Presidente mais neutro do mundo… exceto quando estava em frente às câmaras.

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💉 Ano 6 – O Marcelo Vacina

Pandemia. Marcelo leva a vacina e posa para as câmaras, como se estivesse a salvar o mundo. Usa máscara com a bandeira nacional, sempre impecavelmente enquadrada para o telejornal.
Legado: a gestão da pandemia não mudou, mas a imagem presidencial ficou "imunizada".

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🗳 Ano 7 – O Marcelo Eleitoral

Torna-se figura central em tudo, desde eleições autárquicas a "eleições do condomínio" se o convidassem. Promete estabilidade… mas alimenta novelas políticas com declarações enigmáticas.
Legado: transformou Belém na maior máquina de "soundbites" do país.

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🇺🇳 Ano 8 – O Marcelo Diplomata

Viagens ao estrangeiro, beijinhos a emigrantes, fotos em jantares de gala. Sempre com discurso conciliador e frases que davam para todos os gostos.
Legado: conseguiu que diplomacia portuguesa fosse confundida com turismo presidencial.

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📚 Ano 9 – O Marcelo Historiador de Si Próprio

Último ano: entrevistas, homenagens, e uma longa preparação para escrever o livro "Como Eu Salvei Portugal… com Afetos".
Legado: transformou a Presidência numa novela fotográfica, com 9 temporadas e milhares de episódios.

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📍 Epílogo

O balanço? Portugal continuou como sempre: lento, burocrático, desigual. Mas as selfies aumentaram exponencialmente, e o Presidente tornou-se o político mais reconhecido… nas redes sociais.

Marcelo não foi o Presidente que mudou o país.
Foi o Presidente que garantiu que, acontecesse o que acontecesse, ele estaria na fotografia.

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Um artigo de Augustus Veritas Lumen in Fragmentos de Caos

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