"Mais horas, mais flexibilidade, menos rigidez laboral" — é o mantra repetido pelos patrões portugueses (não confundir com empresários visionários). Um eco de outros tempos, travestido de modernidade.

🎩 1. O que querem os patrões

Os "patrões" — aqueles que gerem empresas como se fossem feudos pessoais — têm defendido o seguinte:

  • Facilidade em despedir, como quem muda de camisa.
  • Mais horas de trabalho, num século que clama por equilíbrio e saúde mental.
  • Menos obrigações patronais, como o pagamento de faltas justificadas.
  • Menos ingerência sindical e mais poder negocial individual — como se o trabalhador fosse livre dentro da prisão contratual.

Argumentam que o mercado mudou, que a concorrência global exige agilidade, que há sectores em escassez. Tudo isso é verdade… mas incompleta.


🧠 O Trabalho no Século XXI: Realidades e Desafios

Este século trouxe:

  • Automação e IA a substituir rotinas.
  • Economia do conhecimento e criatividade.
  • Valorização do equilíbrio vida-trabalho.
  • Envelhecimento demográfico.
  • Geração Z que não aceita modelos de trabalho assentes na subserviência.

O que não faz sentido? Pedir modelos laborais do século XIX (longas jornadas, obediência cega, fraca proteção social) para resolver problemas do século XXI.

🚫 O Erro de Perspectiva

Os patrões portugueses confundem flexibilidade inteligente com exploração laboral à moda antiga.
Querem eficiência, mas negam:

  • Formação contínua.
  • Ambientes motivadores.
  • Participação dos trabalhadores nas decisões.

Fazem pouco por reter talento. Muitos veem o trabalhador como uma peça substituível. Não investem na qualidade das relações laborais, mas depois lamentam a "baixa produtividade".


🧩 E se os patrões fossem verdadeiros empresários?

Um verdadeiro empresário do século XXI:

  • Cria ambientes de trabalho justos e inspiradores.
  • Investe em tecnologia sem esmagar o humano.
  • Sabe que um trabalhador feliz produz mais, inova mais e é leal.
  • Entende que sustentabilidade social e laboral não são custos — são investimento.

📜 Conclusão: O Futuro é Coerência

Um país onde os patrões pedem mais horas, menos direitos e liberdade para despedir…
…é um país que ainda não compreendeu o valor do seu capital humano.

O futuro exige liderança com empatia, não chicote com luvas de seda.

Enquanto os patrões pedirem fórmulas velhas para um mundo novo, continuarão a empurrar Portugal para a cauda da Europa — não por falta de talento, mas por excesso de cegueira estratégica.


Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos


🪶 Manifesto do Trabalhador do Século XXI

Não sou servo, nem vassalo,
não sou peça de retalho.
Sou saber, sou pulso, sou mente,
sou futuro... presente.

Chamam-me recurso — que ironia!
Mas sou fonte, sou energia.
Trabalho não é correnteza de chicote,
é parceria que eleva, que dote.

Patrão que pede mais horas
e despedir sem demora,
ainda vive num moinho
onde o tempo moía gente com carinho.

Quer-me moldado a 60 horas por semana,
mas esquece que a vida não se engana.
A saúde foge, o espírito estala,
e no fim, produtividade... embala.

Falam de flexibilidade,
mas o que pedem é submissão.
Confundem liderança com jugo,
confundem eficiência com pressão.

Empresário de verdade é farol,
não chicote escondido sob o sol.
Inspira, escuta, partilha o pão,
investe na alma de cada mão.

Neste século de algoritmos e luz,
quem lidera não empurra — conduz.
Quem cresce é quem cria, não quem cala,
quem soma saber, não quem só embala.


Por isso digo, com firmeza na voz:

Reescrevam as leis, mas com justiça.
Façam empresas, mas com alma.
Valorizem o humano — sem preguiça —
ou perderão o barco... e a calma.


Poema da autoria de Augustus Veritas

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