Publicado em Fragmentos do Caos – Bestiário Corporativo Português, Episódio Final

Se o escritório fosse uma savana, esta criatura rondaria as chefias com passo leve e orelhas bem levantadas. Não ataca, espera a carniça.
Não constrói, acompanha de perto quem constrói.
Não brilha, mas sabe rir quando convém.

Eis a Hiena das Promoções, a criatura sorridente que ronda os corredores com um ar sempre disponível, riso fácil, frases feitas e elogios com prazo de validade.

Na reunião, não discorda.
Na pausa para café, alinha com quem tiver poder.
No email, copia o diretor — mesmo que esteja a pedir canetas.

É mestre na arte da sobrevivência parasitária:

  • Quando um projeto corre bem, aproxima-se do grupo vencedor com elogios em retrospetiva: "Sempre acreditei nisto."
  • Quando corre mal, desaparece por entre os arbustos da ambiguidade: "Eu até tinha avisado…"
  • Quando há promoções à vista, surge com um sorriso treinado em espelho e uma lista invisível de pequenas lealdades acumuladas.

A sua arma mais letal?
A falsa camaradagem.
Está sempre "por tudo", sempre "para ajudar", sempre "disponível" — até que surge a oportunidade e… zás!
Reivindica a vitória, conta a história à sua maneira, assume protagonismo como quem assume lugares vagos no elevador da ascensão.

A hiena não é burra.
É paciente.
E sobretudo, sabe farejar o poder.
Quando sente que alguém vai cair, afasta-se sorrateiramente. Quando percebe que alguém vai subir, oferece ajuda, opiniões e até cafés.

É um animal de bastidores, mas com aspirações de palco.


📍 Reflexão Final de Augustus

Num país onde o mérito é um rumor, a hiena vive bem.
Ri-se, adapta-se e sobe.
Mas atenção: o povo lúcido está a deixar de rir.
E quando isso acontece… até as hienas começam a tremer.


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