Se Salgueiro Maia Fosse Ouvido Hoje...

Se Salgueiro Maia Fosse Ouvido Hoje...
Numa entrevista esquecida em meados dos anos 80, Salgueiro Maia dizia com simplicidade firme: "Portugal está numa degradação política e entregue a políticos que pactuam com a corrupção, o compadrio e os interesses pessoais. Precisaríamos de outro 25 de Abril. Os nosso políticos têm uma única preocupação que é serem bem reformados e nenhuma com o serem bem formados."
Disse-o sem raiva, sem protagonismo. Como sempre, com o rosto limpo e a alma vertical. Salgueiro Maia não queria o poder — queria a dignidade.
Quase quarenta anos depois dessas palavras, ecoam como profecia. O país por que ele arriscou a vida está de novo manchado por redes de corrupção, compadrios e silências comprados. Não há censura oficial, mas há conformismo programado. Não há prisão por opinião, mas há ruído que cala. Não há ditador, mas há um regime instalado que se perpetua, sem vergonha.
Se Salgueiro Maia fosse ouvido hoje, perguntaria:
"Como foi possível deixar tudo regressar, disfarçado de democracia?"
E nós, os que ainda pensamos, ficaríamos em silêncio. Porque sabemos que ele tem razão.
Hoje, o novo 25 de Abril não se faz com tanques, mas com consciências acordadas. Com palavras, com a coragem de dizer o que tantos preferem esconder. Com o dever de honrar quem se levantou, lutou e não se vendeu.
Salgueiro Maia foi a centelha da liberdade. Cabe-nos ser o lume que a mantém viva.
Porque, como ele dizia:
"Há alturas em que é preciso desobedecer."
E esta é, sem dúvida, uma dessas alturas.
Artigo de Francisco Gonçalves e co-autoria de Augustus Veritas
Uma evocação história em Fragmentos de Caos e à memória de quem tanto honrou a Pátria que muitos outros ultrajaram depois.
Nós aqui neste espaço homenageamos o homem e a coragem. E inspirados em Sofia de Melo Breyner deixamos este pequeno poema adaptado por Augustus Veritas.
Celebramos tambem a liberdade e a democracia que queremos ainda ver em Portugal! Uma democracia do povo, pelo povo e para o povo.
Ao Capitão Que Não Pediu Nada
inspirado por Sofia, dedicado a Salgueiro Maia
Não trazias medalhas ao peito
Nem palavras de ordem na boca.
Trazias a rectidão no gesto,
E um cravo oculto na farda austera.
Não pediste o poder —
Pediste que o povo acordasse.
Não tomaste cadeiras de ouro —
Tomaste a rua com dignidade.
Havia tanques, sim.
Mas era o teu silêncio que rugia.
Havia espingardas —
Mas tu empunhavas um futuro.
As praças encheram-se de gente,
Mas o teu passo ficou só.
Não te vendeste, não traíste,
Não gritaste. Apenas fizeste.
E fizeste muito:
Abriste portas a vozes caladas,
Soltaste amarras de um país ajoelhado,
E ensinaste que coragem é não recuar.
Hoje, voltam os rostos da sombra.
Voltam os que te temiam, mas nunca te entenderam.
Voltam as teias da corrupção
E os aplausos aos fantoches do sistema.
Mas nós lembramos-te.
Não como herói de manual,
Mas como homem inteiro,
Que soube dizer não ao comodismo,
E sim à esperança.
Que nunca mais se feche a janela que abriste,
nem se cale o cravo que fizeste flor.
O Grito Calmo de Salgueiro Maia
Entrevista rara gravada nos anos 80 onde o Capitão da Liberdade denuncia, com serenidade e firmeza, a degradação política que ainda hoje assombra Portugal. Este vídeo tem vindo a ser "retirado" de forma dissimulada, tal com outros de Medina Carreira, o que demonstra bem o carácter destes politicos que só se preocupam em "serem bem reformados"
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