Como Portugal arde todos os verões para lucro de alguns — e para desespero de muitos.

Portugal arde.
Arde sempre. Arde tudo.
E, no fim, arde também a nossa paciência, a nossa fé no Estado,
a dignidade de um povo que parece condenado a assistir, ano após ano,
ao mesmo ritual trágico: o país a ser consumido pelas chamas… e pela corrupção.


Fogo posto, culpa solta

Os números não mentem — mas ardem também, abafados pela propaganda:

  • Centenas de fogos por semana, muitos de origem criminosa.
  • Milhares de hectares de floresta dizimados.
  • Casas em perigo, vidas desalojadas, animais calcinados.
  • Um sistema de combate aos incêndios sempre reativo, nunca preventivo.

E lá vêm os mesmos chavões:

"Condições meteorológicas adversas",
"vento muito forte",
"as ignições começaram em simultâneo".

Sim, começaram — porque alguém as começou. E todos os verões é igual:
os pirómanos de gravata disfarçam-se atrás de estatísticas e promessas.


A máfia do fogo: combustível político e económico

Não é apenas o calor que alimenta os incêndios.
São os interesses cruzados entre floresta, especulação, fundos e abandono rural.

  • As matas continuam sem gestão nem limpeza sustentável.
  • O eucalipto, árvore altamente inflamável, prospera com apoio do Estado.
  • Os projetos turísticos e imobiliários avançam mais depressa depois do fumo.
  • Os negócios de aluguer de meios aéreos valem milhões — mas quem os controla?

Arde uma serra e nasce um resort. Arde uma aldeia e aparece um loteamento.

Tudo muito conveniente, tudo muito previsível — e tudo impune.


Os bombeiros: heróis desarmados

Enquanto isso, os nossos bombeiros continuam a ser os mártires de um país mal gerido.
Voluntários mal pagos, mal equipados, mal coordenados.
Empurrados para o inferno com mangueiras rotas e rádios que falham.

Heróis, sim. Mas heróis de uma guerra sem comando.


A culpa não é do clima. É do sistema.

É fácil culpar o calor. Difícil é enfrentar os responsáveis:

  • Os que governam sem estratégia florestal.
  • Os que distribuem fundos e contratos a dedo.
  • Os que desviam os olhos dos relatórios que alertam.
  • Os que falham ano após ano… e são promovidos.

Este país não está a ser apenas mal gerido. Está a ser conscientemente destruído.


Conclusão: a cinza não apaga a verdade

Portugal precisa de um choque de lucidez.
De uma autoridade florestal real, de combate ao crime económico associado aos fogos,
de reforço estruturado aos bombeiros, de transparência nos contratos e adjudicações,
e de um plano nacional de reflorestação responsável — com espécies autóctones, não eucaliptos para exportar lucro e importar tragédia.


Epílogo ardente:

"Portugal não arde porque o sol é quente.
Portugal arde porque os bolsos de alguns esfregam-se de contentes.
E enquanto isso o povo, entre sirenes e lágrimas,
aprende a sobreviver entre brasas e promessas calcinadas."


Artigo de Augustus Veritas, que não cala a verdade, e não suporta a mentira contra todo um povo.

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