Portugal: Da Liberdade Sonhada à Democracia de Fachada

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Cinco décadas após o 25 de Abril de 1974, Portugal deveria estar a viver o amadurecimento pleno da sua democracia. Mas, para muitos cidadãos atentos, o país não passou de uma prometida alvorada para uma prolongada noite de desilusão.
O que começou com cravos, sonhos e coragem, degenerou — em muitos aspetos — num regime capturado por elites partidárias, redes de compadrio e uma corrupção institucionalizada mascarada com palmadinhas democráticas nas costas.
🌹 Da Revolução à Usurpação Silenciosa
A revolução dos Capitães derrubou um regime sombrio e empobrecedor. A esperança era simples: justiça social, cidadania ativa e desenvolvimento digno. Mas rapidamente os partidos transformaram-se em máquinas de poder, não de ideias.
Nos anos 80, começou a colonização do Estado pelos aparelhos partidários:
- Militantes colocados em lugares-chave,
- Concursos públicos viciados,
- Leis feitas à medida de interesses privados,
- O Orçamento de Estado convertido em almofada eleitoral.
👥 Quem Nos Governa?
Muitos dos que ascenderam ao poder vieram, é certo, com uma mão à frente e outra atrás. Mas, sem escrúpulos nem mérito, usaram a política como trampolim para enriquecer.
Exemplos? Aos montes:
- Autarcas com patrimónios inexplicáveis,
- Deputados com vida de luxo após décadas de "serviço público",
- Governantes que "saltam" para empresas que antes tutelavam,
- A teia promíscua entre Parlamento, consultoras e escritórios de advogados.
⚖️ Casos que Falam por Si
- BPN: nacionalizado com dinheiro público para salvar os amigos do regime. Os responsáveis? Intocáveis.
- Caso BES: uma hecatombe financeira. Ricardo Salgado? Continua sereno.
- Parcerias Público-Privadas: contratos com lucro garantido para os privados e prejuízo certo para o Estado.
- Corrupção nos concursos públicos: alvo de denúncias europeias, mas raramente investigada até ao fim.
⚖️ Uma Justiça que Não Chega aos Poderosos
Os processos arrastam-se. Prescrevem. Morrem em gavetas.
A justiça trata os pequenos como culpados e os grandes como sagrados.
E o povo assiste, impotente, descrente, cada vez mais resignado.
📉 A Morte da Cidadania Ativa
Quem critica é "populista". Quem propõe é ignorado. Quem se organiza é vigiado.
A cidadania morreu nas mãos da indiferença, da arrogância institucional e de uma imprensa rendida aos donos da democracia.
Movimentos cívicos são encarados como vírus num sistema que já não suporta anticorpos.
🔁 Conclusão: O 25 de Abril Pede um Novo Abril
Portugal tornou-se refém das suas próprias elites.
Enquanto o talento emigra, os jovens desesperam e os velhos sobrevivem, os partidos brincam com o poder como se fosse um jogo de sociedade.
É urgente, é vital, é inadiável:
- Transparência radical nas contas públicas e nas nomeações;
- Reforma profunda da justiça e da fiscalização orçamental;
- Participação cidadã real e constante nos grandes temas;
- Liderança com ética, visão e coragem.
✊ A Liberdade Não É Um Feriado
A liberdade não se celebra apenas com discursos e hinos.
A liberdade exige vigilância, exigência e participação.
A liberdade tem de ser praticada todos os dias, com lucidez, coragem — e verdade.
Artigo de Francisco Gonçalves, que assistiu a esta hecatombe e à destruição do Portugal, por um punhado de gente sem eira nem beira. Ou como bem disse Salgueiro Maia, "eles esperam ser bem reformados, mas nada lhes interessa serem bem formados".
"O que começou com cravos e esperança degenerou, em muitos aspetos, numa democracia de fachada — onde os partidos vivem para si, a justiça dorme e o povo assiste, mudo, à encenação do poder."
"Eles alimentam-se do povo e colocam-nos à margem."
A democracia portuguesa tornou-se um condomínio fechado, onde só entra quem tem cartão do regime.
A sociedade civil? É decorativa.
A crítica? Ignorada.
A lucidez? Silenciada.
— Fragmentos do Caos
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