O Cargo de Luxo para Supervisionar o Vazio

Num país onde os jovens emigrados sustentam os pais reformados, onde os hospitais fecham por falta de médicos, e onde se debatem cêntimos no preço da merenda escolar, há um cargo que permanece intocável pela realidade: o de governador do Banco de Portugal.
Álvaro Santos Pereira, ex-ministro reciclado, ex-consultor global, ex-tudo-e-mais-alguma-coisa, prepara-se para ocupar esse trono — com vencimento de quase 20 mil euros por mês, regalias à parte.
Tudo para "supervisionar" um setor que já não existe como o povo pensa: a banca privada nacional foi devorada, desfeita ou vendida ao desbarato — muitas vezes com o selo de aprovação desta mesma "supervisão".
💼 Um cargo dourado para um papel simbólico
A missão oficial do governador é zelar pela estabilidade financeira, garantir a regulação prudencial, supervisionar os bancos…
Na prática? É uma peça de xadrez no tabuleiro europeu, obedecendo ao BCE e servindo de intermediário entre Bruxelas e Lisboa.
Pior ainda: não travou nenhuma das grandes tragédias da banca nacional.
- Não previu o colapso do BPN nem do BPP.
- Não impediu a derrocada do BES nem a venda forçada do Banif.
- Nunca denunciou os fluxos obscuros de capital para paraísos fiscais.
- Nunca chamou "fraude" ao que toda a gente sabia que era fraude.
E no entanto, lá continua: robusto, bem pago, respeitado, como se a sua autoridade não fosse uma ruína revestida de ouro.
👔 Álvaro Santos Pereira: mais um nome do sistema
Dizem que é "independente". Mas o seu percurso é um compêndio de cargos nas franjas do regime:
- Foi ministro da Economia sob Passos Coelho, com políticas austeras que devastaram pequenos negócios.
- Foi consultor sénior na OCDE — um mundo de siglas e relatórios que ninguém lê.
- Agora, entra no Banco de Portugal com salário superior ao do presidente do Tesouro dos EUA.
Tudo isto com um aumento de 7% face ao antecessor, num país onde o salário mínimo nacional é inferior a 900 euros.
🎭 O teatro da supervisão
A verdade é esta: o cargo de governador é hoje um símbolo de luxo institucionalizado.
Uma cátedra vazia com verniz técnico, onde se decidem muito poucas coisas — e onde se permite quase tudo.
Enquanto o povo é vigiado pelo fisco, espremido pelo IVA e perseguido por dívidas à Segurança Social, os grandes esquemas financeiros passam sob o radar da "supervisão".
O Banco de Portugal, na prática, não incomoda o sistema.
E por isso, o sistema retribui-lhe com privilégios, aumentos, bajulação mediática e total impunidade.
🛑 Chega de reverências
O cargo de governador do Banco de Portugal deveria ser um símbolo de rigor, ética e vigilância constante.
Hoje, é um trono de opacidade, onde se sentam figuras do regime com currículo polido, mas consciência ausente.
Supervisionar nada, fazer-se pagar como tudo.
Eis a fórmula mágica do poder institucional em Portugal.
Artigo de Augusto Veritas in Fragmentos de Caos
Enquanto houver injustiça, haverá palavras.
Enquanto houver silêncio cúmplice, haverá crónicas de combate.
Enquanto houver canalhas no trono, haverá povo a levantar-se com a força da verdade.🔥
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