Enquanto muitos se acomodavam ao teatro institucional da democracia portuguesa, Medina Carreira foi, durante anos, uma voz firme, impertinente e esclarecida no meio do ruído. Com ar austero, tom cortante e uma clareza desconcertante, expôs com números, factos e coragem as entranhas apodrecidas do sistema político, económico e fiscal português.

Uma Voz Fora do Coro

Antigo ministro das Finanças (1976), jurista e economista, Medina Carreira tornou-se conhecido do grande público não pela sua passagem pelo governo, mas pelo seu papel enquanto analista incómodo. Em programas como "Olhos nos Olhos", na TVI24, denunciava semanalmente:

  • O crescimento descontrolado da despesa pública;
  • O peso insustentável do Estado sobre a economia real;
  • A corrupção sistémica e os favores entre elites;
  • O endividamento estrutural do país, travestido de desenvolvimento;
  • A irresponsabilidade orçamental crónica de partidos que governam de eleição em eleição, sem pensar no país a 20 anos.

Denúncia com Dados, Não com Ideologia

Medina Carreira não era um populista. Falava com dossiês na mão, gráficos, números e relatórios oficiais. E dizia, com frieza:

"Portugal está a ser gerido como uma feira de vaidades e favores. Não há coragem, não há estratégia, e o país está a caminho da falência moral e financeira."

Acusado de pessimista, ele respondia com ironia:

"Não sou pessimista. Sou realista. Se os dados forem bons, darei boas notícias."

E os dados, infelizmente, davam-lhe razão vezes demais.

Ignorado pelos detentores do poder

Durante anos, os partidos políticos ignoraram os seus alertas. Preferiram classificá-lo como "catastrofista". Mas em 2008, em 2011, em 2015… e hoje, as suas previsões continuam a confirmar-se.

A teia de compadrios, as obras faraónicas sem retorno, os buracos orçamentais escondidos, a fuga ao fisco dos grandes e a asfixia fiscal dos pequenos — tudo isso foi descrito com antecedência. Mas ninguém quis ouvir.

Um legado de lucidez

Medina Carreira faleceu em 2017, mas o seu pensamento continua atualíssimo. Hoje, quando os mesmos erros são repetidos, quando os governantes falam de crescimento enquanto aumentam a carga fiscal e distribuem tachos, a ausência de vozes como a sua faz-se sentir.

Mais do que um economista, Medina foi um vigia do Estado, um observador incómodo, um cidadão com coluna vertebral. Num país onde a denúncia é muitas vezes confundida com deslealdade, ele foi fiel apenas à verdade.

Conclusão

Tal como Salgueiro Maia se recusou a pactuar com a opressão militar e política, Medina Carreira recusou-se a pactuar com a mentira financeira e institucional.

Foi um homem só — mas um homem lúcido. E quando a verdade é dita em voz alta, ela fica no ar mesmo depois de quem a disse ter partido.

Cabe-nos agora, a nós, não deixar que a sua lucidez seja enterrada com ele. Porque Portugal não precisa de mais gestores de aparência. Precisa de mais Medinas Carreiras com coragem, rigor e compromisso com o interesse público.

Artigo de Augustus Veritas, porque a verdade tem que ser dita, mesmo a todo o custo.

Aqui pode ver um video dos muitos em que Medina Carreira denunciou, firme e com toda a sua estatura moral e ética, este regime partidário corrupto que tem vindo a destruir Portugal.~

Medina Carreira «Com esta gatunagem a Democracia não sobreviverá»

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