Quando o Estado português confunde concurso público com reunião de condomínio familiar.

Portugal acordou hoje com mais um episódio do seu reality show favorito: "Cunhados no Governo — voando baixo, faturando alto".

Desta vez, a estrela é a empresa Gesticopter, detida por Ricardo Leitão Machado, nada mais nada menos que cunhado do ministro da Presidência. Esta nobre instituição apresentou duas propostas para o concurso internacional dos helicópteros do INEM, cada uma apenas um euro abaixo do preço-base.

Sim, leu bem. Um euro.
A diferença entre ganhar milhões… e fazer figura de corpo presente no teatro da "concorrência".


O que se passou?

  • A Gesticopter concorreu a dois lotes do concurso.
  • Em ambos, propôs valores 1 euro abaixo do preço-base.
  • Foi excluída "por razões técnicas", segundo o Ministério da Saúde.

Ora, se há coisa que cheira mal mesmo antes de arder… é isto. Porque:

  • Ninguém apresenta uma proposta de milhões 1 euro abaixo do teto sem saber exatamente qual é o teto.
  • E ninguém o faz sem propósito. Há aqui cheiro a encenação, marcação de posição ou simples gozo ao erário público.

O euro simbólico — e o silêncio ensurdecedor

Este "gesto" de apresentar uma proposta simbólica é muitas vezes usado para:

  1. Criar uma ilusão de pluralidade no concurso.
  2. Garantir jurisprudência para futuras queixas ou revisões.
  3. Mostrar que "também estávamos interessados", sem compromisso.
  4. Ou, pior, influenciar a decisão final indiretamente, com nome e peso político.

E o resultado é sempre o mesmo: a confiança pública vai pelo cano abaixo
enquanto os contratos continuam a circular nos salões dos que têm o número do ministro no WhatsApp.


Concorrência à portuguesa: com arroz de compadrio e molho de impunidade

O verdadeiro doente neste caso não é o utente transportado pelos helicópteros do INEM.
É o Estado de Direito, que há muito cambaleia, com sintomas crónicos de:

  • Tráfico de influência camuflado.
  • Nepotismo estrutural.
  • Falta de vergonha nos concursos públicos.

A "exclusão técnica" da proposta não lava o nome do processo — apenas o embrulha numa névoa conveniente.
E o mais grave? É que ninguém se demite, ninguém se responsabiliza, ninguém recua.


Conclusão: Portugal está entregue ao clã do compadrio

Quando o país precisa de helicópteros para salvar vidas,
o Governo parece preferir usar os contratos para salvar os negócios da família.


Epílogo sarcástico:

"Apresentaram-se um euro abaixo do preço-base.
Só esqueceram-se de subtrair a vergonha, que já era nula desde o início."


Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

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