A “nova” disciplina de Cidadania - Educar para o silêncio, formatar para o sistema

Chamam-lhe nova Cidadania.
Mas é só o velho programa de domesticação social com um fato novo e um PowerPoint com gráficos.
Dizem que retiram a sexualidade para libertar a disciplina das "amarras ideológicas".
Na verdade, estão a acorrentá-la a uma outra ideologia — a do cidadão submisso, que sabe poupar, mas não sabe lutar; que entende juros compostos, mas não compreende o que é consentimento ou igualdade.
Transformam a educação para a cidadania numa cartilha de bons comportamentos neoliberais.
Trocam o debate sobre identidades por "literacia financeira", como se o verdadeiro problema de Portugal fosse a falta de conhecimento sobre taxas de juro — e não a desigualdade, o preconceito ou a exclusão.
No fundo, querem formar obedientes gestores de pobreza, e não cidadãos conscientes.
Porque um povo que entende o que é justiça social, igualdade de género, direitos humanos e diversidade... esse povo é perigoso.
Esse povo começa a fazer perguntas.
E isso, para os donos do regime, é inadmissível.
Artigo de Francisco Gonçalves
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