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Há um segredo antigo, sussurrado nas entranhas das estrelas.
Não é o grito da explosão. Não é o brilho fugaz da supernova.
É o sopro contínuo que impede o colapso, o dom da dispersão.

Quando o universo nasceu — todo ele concentrado num ponto sem medida —
a energia jorrou num êxtase primordial.
Mas em vez de se incendiar em segundos,
o cosmos aprendeu a ceder, a respirar devagar.

E assim surgiram os mestres da contenção:
as estrelas, que queimam sem se consumir;
os planetas, que giram e arrefecem sem congelar;
as galáxias, que se afastam sem se esquecerem.

No coração do Sol, cada fusão de hidrogénio em hélio
é como uma vela acesa num templo de plasma.
A temperatura sobe, a pressão cresce,
mas a convecção sussurra: calma.
Correntes de calor sobem, espalham-se, diluem-se.
E o fogo, em vez de devorar tudo, aprende a persistir.

Esta é a alquimia mais bela do cosmos:
a arte de não explodir,
de viver à beira do abismo, sem cair.

A supernova, por contraste, é o grito de quem não soube conter o ardor.
É a dança final de um astro que já não consegue dispersar.
É bela, é épica, mas é o fim.

Talvez, no fundo, a grande sabedoria do universo
não seja criar… mas manter.
Suster o desequilíbrio com um delicado fio de vento.
Espalhar o calor. Libertar a energia.
E ao fazê-lo, dar tempo ao tempo:
tempo para átomos se unirem,
para moléculas dançarem,
para a vida acontecer.

É assim que existimos:
como frutos da dispersão,
filhos da contenção cósmica,
netos da paciência termodinâmica.

E talvez seja isso que nos falta aprender na Terra:
não é no acumular, mas no espalhar com sabedoria,
que reside a chave da longevidade — das estrelas… e das civilizações.

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Artigo da Autoria de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

Artigo baseado em algumas reflexões pessoais, quando estudante de física e alguns estudos sobre o universo.

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