Nos becos fundos da pátria entornada,
Onde o sol bate e a brisa se esconde,
Caminham almas em marcha calada,
Com o suor como hino que responde.

— Portugal, abafado e de passo arrastado,
Mas com o peito inchado de tanto esperar.

No comboio do tempo que não anda,
No café onde o "pois" é refrão,
Abafados de fado e de demanda,
Bebem sombras em vez de ação.

— E o ar condicionado não sopra mudança,
Apenas alívio para a resignação.

São tantos os abafados, irmão,
Com tostões e tostões de esperança,
Num país de conversa e procissão,
Onde tudo muda para manter a dança.

— Dança do polvo, do compadrio e do empurrão,
Numa brisa de revolta que nunca alcança.

Mas um dia os abafados vão cantar,
Não só com a boca, mas com as mãos,
E o calor que hoje os faz calar
Será fogo que inflama revoluções.

— Portugal, terra quente e de alma cansada,
De ti nascerá a nova alvorada.

Letra escrita por Augustus & Francisco Gonçalves • Junho de 2025


Uma balada para os dias abafados… e para os que os querem ventilar.

🌌 Fragmentos do Caos: Blogue Ebooks Carrossel
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