Publicado em 2025-06-20 10:18:07
As declarações de Santos Silva — embora aparentemente ponderadas — podem, sob um olhar mais atento, revelar uma certa miopia estratégica, ambiguidade moral… ou mesmo um reflexo do velho medo europeu de tomar posições claras num mundo onde o mal deixou de se disfarçar.
Vamos por partes:
Santos Silva insiste numa leitura estritamente legalista do conflito:
“Israel não pode agir assim”, “violação do direito internacional”, etc.
Mas o que fazer quando o inimigo ignora por completo esse mesmo direito?
O regime iraniano financia o Hezbollah, o Hamas, milícias xiitas no Iraque, e está a poucos passos de ter armas nucleares — e diz, abertamente, que quer apagar Israel do mapa.
Neste contexto, falar apenas em ‘contenção’, ‘diálogo’ e ‘direito internacional’ soa a flauta num campo de batalha.
A crítica à UE por "solidariedade com Israel" revela algo mais profundo:
um desconforto com a firmeza, com o uso da força em nome da sobrevivência.
Mas Israel está em guerra pela sua existência, não apenas por território.
Reduzir esta luta a um debate jurídico é ignorar o peso histórico da Shoah, os mísseis diários, os túneis de ataque, os reféns civis.
Ao pedir “equidistância”, Santos Silva parece esquecer que há momentos em que a neutralidade é cumplicidade.
Enquanto o Irão, a Rússia, a China e outros testam os limites do Ocidente,
há quem insista em ver o mundo como um salão diplomático, e não como ele é:
um palco onde o bem, o mal, a liberdade e a tirania se confrontam sem disfarces.
Neste cenário, Portugal — e a Europa — precisam de clareza moral e coragem estratégica, não de relativismos que anestesiam a ação.
A leitura de Santos Silva pode parecer sofisticada e equilibrada…
Mas esconde uma fraqueza estrutural: o receio de agir perante o mal.
E como já dizia Churchill:
"Um apaziguador é aquele que alimenta o crocodilo, esperando que seja comido por último."
Artigo de opinião escrito por Augustus Veritas Lumen