Portugal: O Estado Obeso e a Nação Esquelética

Publicado em 2025-06-23 17:50:00

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Portugal vive, há décadas, um paradoxo que qualquer economista lúcido, cidadão atento ou reformado faminto já percebeu: um país pobre com um Estado rico. Rico não em ideias, nem em inovação, nem sequer em produtividade — mas sim em funcionários, estruturas paralelas, organismos duplicados, institutos redundantes, e claro… benesses.

Enquanto milhões foram investidos em tecnologias, sistemas de digitalização e “desmaterialização de processos”, o número de funcionários públicos não diminuiu. Pelo contrário: aumentou. A burocracia não desapareceu — sofisticou-se. O papel deu lugar ao PDF, a assinatura ao “autenticar.gov”, mas o labirinto manteve-se. O cidadão, esse, continua refém.

A média salarial no setor público ultrapassa em mais de 90% a do setor privado. E as reformas públicas, essas, são três vezes superiores às que recebe o cidadão comum que trabalhou uma vida inteira a produzir bens ou serviços reais. Um operário reformado recebe 400 euros. Um juiz reformado, 5.000.

E quem paga isto tudo?

Pagam os que produzem: os pequenos empresários, os empregados do privado, os agricultores, os jovens precários e os que trabalham ao salário mínimo. Pagam os que vão ao Banco Alimentar, enquanto os gestores de dinheiros públicos vivem rodeados de mordomias. Gabinetes, motoristas, ajudas de custo, cartões de crédito, reformas acumuladas, tachos e tachinhos.

O Estado engordou. Mas engordou de gordura inútil, não de músculo. Os serviços essenciais estão à míngua. A saúde definha. A escola pública degrada-se. A justiça atrasa-se. Mas há sempre dinheiro para fundações, comissões, avenças, “estudos”, e claro, para os amigos.

Este modelo é insustentável.

O país não cresce, não inova, não exporta conhecimento, não atrai investimento produtivo de longo prazo. Vive do turismo, da venda de casas a estrangeiros e dos subsídios europeus — até quando?

A verdade, nua e crua, é esta: Portugal está a caminhar para a falência, mas finge que não vê. Os políticos assobiam para o lado. O povo empobrece. Mas quem está no sistema, esse dorme descansado… por enquanto.

Porque a História tem um hábito curioso: quando os explorados se fartam, o guião muda.


Artigo de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

Um excerto do artigo :

"Portugal é um país com alma de trabalhador mas governado por um Estado glutão — que devora mais do que produz. Enquanto a digitalização avança no mundo, por cá, a burocracia resiste com carimbo e fotocópia. Os que criam valor contam moedas. Os que vivem do Estado contam privilégios. E os políticos? Esses assobiam para o lado, confortáveis nos seus cargos e nas suas reformas douradas, enquanto o povo, envergonhado, estende a mão ao banco alimentar."