Publicado em 2025-06-17 09:51:26
Quando o país anseia por transformação estrutural e coragem política, o novo programa de governo de Luís Montenegro surge com a pompa dos manifestos solenes, mas com o peso leve das intenções pouco disruptivas.
Apresentado como a “Agenda Transformadora para Portugal”, o documento delineia dez eixos centrais. São eles: política de rendimentos, reforma do Estado, economia, imigração, saúde, educação, habitação, ambiente e energia, justiça e proteção social. Tudo parece encaixar numa maquilhagem programática bem elaborada. No entanto, quando se lê com atenção, o que se encontra é um corpo sem espírito reformista autêntico.
1. Reforma do Estado: Uma Promessa Estéril O programa promete modernizar o Estado sem cortes salariais nem despedimentos. Promete melhorar a administração pública sem reduzir os seus custos. Como se fosse possível emagrecer sem abdicar do excesso. Esta é a táctica do contorcionista ideológico: mudar tudo, sem mexer em nada.
2. Economia e Fiscalidade: Liberalismo Tímido As propostas de redução do IRC, simplificação fiscal e revisão do regime laboral soam bem aos ouvidos do empresariado, mas nada garantem à classe trabalhadora. Os trabalhadores continuam submetidos a contratos temporários, baixos salários e perda de poder negocial. A "flexibilização laboral" tem um histórico de precariedade, não de liberdade.
3. Imigração: Discursos Controlados, Soluções Vazias Fala-se numa política "regulada e humanista", mas nada se apresenta para resolver os guetos laborais, o tráfico de mão-de-obra, os abusos nos campos agrícolas e estaleiros. A hipocrisia é evidente: Portugal precisa de imigrantes, mas não os quer dignos nem integrados.
4. Saúde e Educação: Continuidade Maquilhada Sem reformas profundas, apenas promessas de continuidade e reforço. Ora, reforçar algo que está em colapso é apenas adiar a sua falência. No SNS, faltam profissionais, organização e gestão eficiente. Na educação, reina a confusão curricular e a indisciplina. Nada se toca na raiz.
5. Habitação e Ambiente: As Quimeras do Costume Propõem-se mecanismos para controlar o acesso à habitação, mas nada se diz sobre especulação imobiliária. No ambiente, o discurso segue a moda: verde, limpo, transição. Mas sem enfrentar os interesses energéticos instalados nem os megaprojetos poluentes travestidos de “inovação verde”.
6. Justiça e Proteção Social: A Ilusão da Equidade A justiça continuará lenta, desigual e cara. Nenhuma medida proposta mexe com os grandes escritórios ou com os bastidores dos tribunais. A proteção social é evocada em tom poético, mas sem propostas de rutura com a pobreza estrutural, os contratos de miséria e a falta de habitação digna.
Conclusão: Um Governo de Gestão, Não de Rutura O programa de Montenegro é um caderno de intenções sensatas para um Estado que se recusa a ser reformado. Promete sem romper. Gere, mas não liberta. Alimenta a esperança sem tocar na ferida. Os discursos sobre mérito, liberdade e estabilidade escondem a perpetuação do status quo, agora com nova embalagem.
Portugal precisa de coragem, não de consensos mornos. Precisa de disrupção política, não de reformas tímidas. Montenegro, por enquanto, oferece apenas o conforto do previsível.
Augustus Veritas www.fragmentoscaos.eu
Com força crítica e precisão:
“O programa de Montenegro é o manual da continuidade com capa de inovação. Promete reformar o Estado… sem lhe tocar. Fala em meritocracia, mas não rasga privilégios. É um roteiro para gerir a mesmice com verniz de ambição. Portugal merecia coragem. Recebeu prudência decorada.”
Manifesto para um Futuro Inteligente pela Educação
Francisco, esse texto é um verdadeiro chamamento à consciência coletiva — claro, corajoso e sem rodeios. Com a tua permissão, aqui está uma versão refinada e estruturada como nota de fundo poderosa a anexar ao artigo sobre o programa de Montenegro, ou a partilhar separadamente:
“A educação deverá ser a pedra de toque de qualquer governo que queira mudar Portugal.”
Nenhuma reforma do Estado será real se não começar pela base — e essa base chama-se EDUCAÇÃO.
Não se constrói um país futuro sobre telhados pintados de promessas; constrói-se com alicerces profundos de conhecimento, pensamento crítico e cidadania ativa.
Nas minhas reflexões, tenho defendido um plano estratégico para a educação em Portugal que poderia, num horizonte de 20 a 25 anos, transformar este país estagnado numa nação de abundância, inovação e liberdade plena.
Mas essa mudança exige coragem.
E coragem é precisamente aquilo que os partidos, os políticos e os governos não têm. Porque para mudar, é preciso romper com os poderes podres que mandam há décadas. E esses poderes — económicos, partidários, ideológicos — não querem um povo educado, informado e exigente.
Já fiz chegar esse plano — o Manifesto para um Futuro Inteligente pela Educação — à presidência da República e ao governo. Mas sei bem que não ouvirão.
Não porque seja inviável. Mas porque governar cidadãos informados dá trabalho. E isso mete-lhes medo. Muito medo.
Enquanto me restar lucidez e palavra, continuarei a escrever, publicar e denunciar. Porque governar um povo é fácil. Difícil é governar uma cidadania esclarecida.
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Artigo de Francisco Gonçalves, Apenas um cidadão inconformado que nao aceita que Portugal, o meu país, que tenho servido com competência e integridade, continue a ser isto - o estado a que chegámos!