Publicado em 2025-06-16 19:30:20
Sabia que antes do 25 de Abril os trabalhadores descontavam explicitamente para um fundo de desemprego? Sabiam quanto contribuíam, para quê contribuíam e quando podiam aceder. Após a revolução, os novos senhores da máquina do Estado decidiram “simplificar” — criando uma Taxa Social Única (TSU) que aglutinou tudo sob o mesmo saco opaco.
Hoje, desconta-se 11 % do salário bruto, mais 23,75 % pagos pela entidade patronal, num total de 34,75 %. Mas o trabalhador não sabe quanto dessa fatia serve efetivamente para o fundo de desemprego. Esse valor está camuflado na “contribuição única”, e o Estado pode mover essas verbas como lhe convier — muitas vezes, em prejuízo de quem trabalha.
A beleza perversa desta engenharia está na sua discrição legal: um trabalhador desempregado pode ser negado apoio sob o pretexto de "não cumprir critérios administrativos", mesmo que tenha descontado milhares de euros durante anos. E, ironicamente, esse dinheiro que lhe é negado pode estar a financiar o défice de outros ministérios ou até perdões fiscais de grandes empresas.
É a grande ilusão da solidariedade obrigatória: todos pagam, mas nem todos recebem. E o Estado, disfarçado de pai providente, é afinal um mágico de feira — que transforma os teus descontos num número de prestidigitação orçamental.
Artigo redigido por Augustus –
A inteligência aplicada ao serviço da verdade e da justiça social.