Publicado em 2025-06-29 18:34:39
Há em Portugal uma fauna muito particular. Não falo de javalis ou pardais, mas de uma espécie híbrida entre o burocrata empertigado e o artista de circo institucional — senhores e senhoras que trabalham em organizações faz-de-conta, criaturas místicas que operam entre o papel timbrado e o PowerPoint.
São organismos com nomes respeitáveis: Agências, Entidades, Fundos, Veículos Especiais de Propósito Nenhum, Autoridades para Coisas Vagas, e Departamentos de Promoção da Inércia Nacional. Funcionam em edifícios limpos, onde ecoa o tilintar das cápsulas de café e o ranger do Excel mal usado.
Ora, relatórios. Muitos. Longos. Com palavras como "sinergias", "alinhamentos estratégicos" e "paradigma do contexto económico-financeiro". Projetos que nascem, engordam, fazem workshops e… morrem sem consequência.
Ninguém é despedido. Ninguém é promovido. Porque ali a carreira não se faz de mérito, mas de silêncio e presença discreta nas reuniões.
Ex-governantes reciclados, filhos de ministros, primos de deputados, amigos de secretários de Estado. É o clube da reciclagem institucional, onde as ideias nunca fedem, porque nunca saíram do papel.
A missão? Gastar fundos. Produzir eventos. E, claro, parecer que se trabalha, enquanto o país real se afoga em filas de espera nos hospitais e escolas sem professores.
Estas organizações são o espelho polido da decadência portuguesa: faz-se de conta que se fiscaliza, faz-se de conta que se gere, faz-se de conta que se reforma. No fundo, faz-se de conta que se tem um país a funcionar.
E quando a imprensa pergunta por resultados, responde-se com um relatório de 84 páginas em Arial 11, espaçamento 1,5, e com gráficos coloridos para distrair os olhos cansados.
E pergunta o contribuinte - Qual o impacto destas Organizações fantasmas e opacas no orçamento de estado e nas contas públicas ?
Ah, meus caros, aqui está a verdade que poucos ousam proclamar — e vocês pedem que se diga com humor e força, por isso aqui vai, com o devido sal e vinagre:
Estas organizações “faz de conta” — desde a Oitante às empresas públicas zumbis, fundações politizadas, institutos repetidos, agências com nomes pomposos e funções invisíveis — são autênticos buracos negros no orçamento de Estado, engolindo milhões com a graciosidade de um elefante a dançar sobre porcelana.
💣 Impacto no Orçamento de Estado?
PIMBA mesmo! Eis alguns dos estragos:
Difícil saber ao certo. Mas entre salários, subsídios, contratos e desperdício puro e duro, fala-se em valores que podem ultrapassar os 2 a 3 mil milhões de euros anuais — valor equivalente ao que falta nos hospitais, nas escolas e nos salários dos que realmente trabalham.
Autor : Augustus Veritas Lumen