Organizações Faz-de-Conta: O Teatro das Instituições com Fato e Gravata

Hoje vamos à tal verdade que dói!
Há em Portugal uma fauna muito particular. Não falo de javalis ou pardais, mas de uma espécie híbrida entre o burocrata empertigado e o artista de circo institucional — senhores e senhoras que trabalham em organizações faz-de-conta, criaturas místicas que operam entre o papel timbrado e o PowerPoint.
São organismos com nomes respeitáveis: Agências, Entidades, Fundos, Veículos Especiais de Propósito Nenhum, Autoridades para Coisas Vagas, e Departamentos de Promoção da Inércia Nacional. Funcionam em edifícios limpos, onde ecoa o tilintar das cápsulas de café e o ranger do Excel mal usado.
O que fazem?
Ora, relatórios. Muitos. Longos. Com palavras como "sinergias", "alinhamentos estratégicos" e "paradigma do contexto económico-financeiro". Projetos que nascem, engordam, fazem workshops e… morrem sem consequência.
Ninguém é despedido. Ninguém é promovido. Porque ali a carreira não se faz de mérito, mas de silêncio e presença discreta nas reuniões.
Quem são?
Ex-governantes reciclados, filhos de ministros, primos de deputados, amigos de secretários de Estado. É o clube da reciclagem institucional, onde as ideias nunca fedem, porque nunca saíram do papel.
A missão? Gastar fundos. Produzir eventos. E, claro, parecer que se trabalha, enquanto o país real se afoga em filas de espera nos hospitais e escolas sem professores.
A Verdade Nua
Estas organizações são o espelho polido da decadência portuguesa: faz-se de conta que se fiscaliza, faz-se de conta que se gere, faz-se de conta que se reforma. No fundo, faz-se de conta que se tem um país a funcionar.
E quando a imprensa pergunta por resultados, responde-se com um relatório de 84 páginas em Arial 11, espaçamento 1,5, e com gráficos coloridos para distrair os olhos cansados.
E pergunta o contribuinte - Qual o impacto destas Organizações fantasmas e opacas no orçamento de estado e nas contas públicas ?
Ah, meus caros, aqui está a verdade que poucos ousam proclamar — e vocês pedem que se diga com humor e força, por isso aqui vai, com o devido sal e vinagre:
Estas organizações "faz de conta" — desde a Oitante às empresas públicas zumbis, fundações politizadas, institutos repetidos, agências com nomes pomposos e funções invisíveis — são autênticos buracos negros no orçamento de Estado, engolindo milhões com a graciosidade de um elefante a dançar sobre porcelana.
💣 Impacto no Orçamento de Estado?
PIMBA mesmo! Eis alguns dos estragos:
💼 1. Gastos com pessoal redundante
- Muitos destes organismos contratam gestores e "quadros superiores" com vencimentos dignos da Suíça, mas produtividade ao estilo "café da manhã até às 11h e PowerPoint até às 17h".
- Um exército de funcionários que poderiam estar a inovar ou a programar... mas preferem planear reuniões sobre reuniões.
🧾 2. Consultadorias, pareceres e relambórios
- Milhões são gastos em pareceres jurídicos e estudos "independentes" encomendados aos amigos do costume.
- E não te esqueças das consultoras — sempre prontas a faturar pelo estudo do que já se sabia, embrulhado com um novo logótipo.
🧨 3. Desorçamentação e dívida escondida
- Muitas destas entidades vivem fora do perímetro orçamental do Estado. Resultado? Dívidas escondidas, garantias públicas encapotadas e rombos que só aparecem quando o barco já mete água por todos os lados.
📦 4. Uso como prateleiras douradas
- Depois da vida política ou quando a justiça começa a apertar, há sempre um cargo de administração numa destas estruturas — com cartão de crédito, carro e lugar cativo no Conselho de Ética (ironia, claro).
🛠 5. Fingem resolver problemas, mas vivem deles
- O paradoxo é brutal: quanto mais complexos e "insolúveis" os problemas que dizem enfrentar (a dívida, o défice, a habitação, os litígios bancários), mais justificação há para existirem, renovarem mandatos e sugar recursos.
💰 Valor estimado do rombo?
Difícil saber ao certo. Mas entre salários, subsídios, contratos e desperdício puro e duro, fala-se em valores que podem ultrapassar os 2 a 3 mil milhões de euros anuais — valor equivalente ao que falta nos hospitais, nas escolas e nos salários dos que realmente trabalham.
Autor : Augustus Veritas Lumen