Publicado em 2025-06-03 21:20:16
Um retrato satírico do país onde tudo é possível, menos a decência.
Era uma vez um país chamado Portugal. Dizem que era uma democracia. Tinha Constituição, tribunais, eleições e até debates televisivos — onde os candidatos discutiam tudo menos os seus próprios pecados.
Nesse país encantado por fado e futebol, surgiu um senhor chamado Montenegro. Bem-falante, penteado ao milímetro, com um currículo cheio de... ausências.
Ausência de reformas, ausência de convicções, e acima de tudo: ausência de vergonha.
Num país com a Constituição na mão e a decência no coração, talvez alguém perguntasse:
Mas em Portugal, as perguntas difíceis são como os unicórnios: toda a gente já ouviu falar, mas ninguém os viu.
O povo, esse sofredor resiliente, ouve falar de “envolvimentos”, de “consultorias duvidosas”, de “trânsito entre política e negócios”...
Mas no dia das eleições, tudo se evapora.
Porque, afinal, ele fala bem. Porque o outro é pior. Porque sempre foi assim. Porque já nem vale a pena.
Portugal vive num paradoxo delicioso: quanto mais corrupto alguém parece, mais apto é para o poder.
É como se o crime não desqualificasse — qualificasse.
Os partidos? Ah, esses!
São como agências de casting para a série "A República de Papelão".
Sabem tudo. Fingem que não sabem. E empurram para a frente quem garanta que nada mude, que ninguém investigue, que tudo continue podre mas em silêncio.
Montenegro é apenas o rosto do mesmo sistema de sempre. A diferença é que agora o sistema já nem se dá ao trabalho de parecer honesto.
Portugal precisa de líderes. Mas o pântano dá-nos gerentes.
Gerentes de interesses, de lóbis, de negócios cruzados.
Montenegro não é exceção — é o manual vivo do que se tornou o poder em Portugal.
E enquanto a justiça dorme, o povo boceja, e a imprensa se distrai com reality shows,
o país vai elegendo quem devia estar a ser julgado.
Artigo de Augustus Veritas
Imagem cortesia de OpenAI (c)