🛡️ Miniguia Urgente de Boas Práticas de Cibersegurança para Instituições Públicas em Portugal
Publicado em 2025-06-28 17:20:21
Introdução: A recente violação ao site do Conselho Superior da Magistratura (CSM) é apenas a ponta do iceberg de uma realidade inquietante: as instituições do Estado continuam tecnicamente desprotegidas, agarradas a sistemas desatualizados, práticas reativas e uma cultura digital que mistura negação com improviso.
1. Auditorias Técnicas Externas e Independentes (não amigos nem consultores do sistema):
- Auditorias regulares por empresas sem ligações políticas ou comerciais aos próprios organismos.
- Relatórios públicos, com planos de mitigação concretos.
- Auditoria de infraestruturas, mas também de equipa e cultura organizacional.
2. Backup não é segurança — é último recurso!
- Implementação de backups offline (air-gapped) com verificação diária de integridade.
- Políticas de restauração testada – um backup nunca testado é apenas um ficheiro de esperança.
3. Adoção de Segurança por Design:
- Criação de ambientes isolados (segregação de redes internas e externas).
- Zero trust: nenhum serviço ou utilizador é confiável por defeito.
- Monitorização constante de logs com sistemas SIEM (Security Information and Event Management).
4. Implementação de sistemas de detecção ativa:
- Honeypots, IDS (Intrusion Detection System), e monitorização de tráfego anómalo.
- Alertas automáticos por NTFY, Telegram ou outros canais em caso de comportamento suspeito.
5. Gestão rigorosa de credenciais e acessos:
- Autenticação multi-fator obrigatória.
- Rotação periódica de passwords críticas.
- Registo de acessos com logs assinados digitalmente.
6. Cultura digital e formação contínua:
- Workshops trimestrais obrigatórios para magistrados, técnicos e administrativos.
- Envolvimento de especialistas de fora do sistema judicial: hackers éticos, investigadores e académicos.
7. Abertura ao escrutínio:
- Não basta dizer "não foram comprometidos dados sensíveis". É preciso mostrar o plano, o dano e o remédio.
- Transparência constrói confiança. O silêncio alimenta a desconfiança.
Conclusão com um toque irónico-realista:
Num país onde se faz login com “admin123” e se restaura a justiça com backups feitos por estagiários, talvez a maior vulnerabilidade não esteja nos sistemas, mas na crença ingénua de que estamos protegidos.
A cibersegurança não é só para geeks — é agora um imperativo ético, institucional e civilizacional.
Autor : Francisco Gonçalves, com a colaboração de Augustus Veritas
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