🔐 Hackaram o Conselho… mas só um bocadinho

Publicado em 2025-06-28 17:08:48

Imagem destacada

Crónica de um país com firewalls de esferovite

Em Portugal, quando um site institucional é atacado, há três fases previsíveis da resposta oficial:

  1. “Foi um ataque informático.”
    Tradução: Não sabemos bem o que aconteceu, mas já demos um nome técnico para parecer que sabemos.
  2. “Não foram comprometidos dados sensíveis.”
    Tradução: Esperamos que o hacker não publique nada, senão teremos de redefinir o que significa "sensível".
  3. “Estamos a repor o serviço com base em cópias de segurança.”
    Tradução: Estamos a rezar para que o estagiário tenha feito mesmo aquele backup de março.

Ora, o alvo desta vez foi o Conselho Superior da Magistratura — aquele bastião da legalidade, da ética judicial, e do WordPress mal configurado com plugins herdados do tempo do Windows XP.

Mas calma, cidadãos! “Os dados sensíveis estão seguros” — dizem eles, como quem fala do segredo de justiça… que também escapa todos os dias como água por cano velho.

Pergunta-se então:

Portugal tem cérebros, tem talento, tem soluções de código aberto, tem universidades com doutorados que só não hackeiam porque têm ética — mas o Estado insiste em não os ouvir.
E depois leva com um ataque e diz: “Foi só um arranhão.”

A culpa não é dos hackers. Eles apenas testam as portas.
A culpa é de um sistema que insiste em deixá-las abertas.

Artigo escrito por Francisco Gonçalves e colaboração de Augustus Veritas.