Publicado em 2025-06-25 22:02:45
Em tempos idos, quem sabia ler era perigoso. Bastava juntar letras a ideias, e nascia um revolucionário. Hoje, depois de 15 anos de escolaridade obrigatória, exames, fichas, powerpoints e apresentações em grupo… nasce um consumidor de conteúdo, um acenador de cabeça, um refém de slogans.
Chegámos à era da burrice com diploma.
As escolas passaram a ser fábricas de conformistas, onde se premia quem não pergunta e se castiga quem ousa duvidar do enunciado. A filosofia virou disciplina optativa. A retórica, um truque de influencers. E a curiosidade… foi formatada com um clique no Google.
Mas não estamos perante um desastre acidental. Estamos perante um projeto bem arquitetado de domesticação mental.
Nasce o novo “intelectual padrão”:
A este novo cidadão, ensinado a obedecer desde a infância, não se pede que pense. Apenas que acate, consuma, vote de quatro em quatro anos, e vá dormir com a consciência tranquila e um ecrã azul a iluminar a cara.
As televisões e jornais deixaram de informar para entreter. Os comentadores são pagos para parecer que pensam.
A verdade deixou de interessar; o que interessa é o tom. A pose. A palavra redonda e segura, mesmo que vazia.
E se alguém questiona a narrativa dominante, não se debate: cancela-se.
Ou chama-se de populista, extremista, negacionista, ou – o novo rótulo universal – "desinformado".
Mas há um paradoxo doloroso:
Nunca se estudou tanto, e nunca se soube tão pouco do essencial.
Porque a inteligência crítica foi substituída por inteligência artificial, e o saber prático pela opinião de comentadores pagos.
Somos uma civilização com cloud, mas sem pensamento. Com Big Data, mas sem memória.
Com currículos recheados… e cabeças vazias.
Na Grécia Antiga, ensinar era libertar. Hoje, educar é moldar para caber no molde — do mercado, da obediência, do consumo, do rebanho.
A servidão moderna não usa grilhetas. Usa diplomas, e um salário mínimo.
Artigo da autoria de Francisco Gonçalves in Fragmentos do Caos
“A nova escravidão não se faz com correntes, mas com certificados. Não se impõe com chicote, mas com uma média final. E o resultado é o mesmo: cidadãos domesticados, incapazes de romper o algoritmo da obediência.”