Publicado em 2025-06-20 13:14:25
Há em Portugal — como noutros cantos do velho continente adormecido — uma nova geração de polĂticos e opinion makers que se dizem de “esquerda”. Com ar doce, tom sensĂvel e hashtags coloridas, erguem cartazes pela paz e pelo amor…
Mas nunca, nunca, mencionam o nome “Hamas”.
Parece que lhes causa azia ideolĂłgica.
Falam de Israel com nojo ensaiado, como se fosse um tumor no mapa. Chamam-lhe “colono”, “apartheid”, “opressor” — mas esquecem convenientemente que o Hamas começou esta guerra massacrando 1.200 civis israelitas no dia 7 de outubro de 2023, filmando orgulhosamente violações, decapitações e raptos.
Detalhes, dirĂŁo. Pequenos pormenores.
Na cartilha da esquerda fofinha, estes nomes nĂŁo existem.
Se falares neles, acusam-te de “islamofobia” ou de “propaganda sionista”.
NĂŁo importa que:
Essa esquerda “progressista” já não sabe o que é a verdade.
Sabe, sim, quem são os “bons da fita” nas suas novelas ideológicas:
— Se for contra Israel, está certo.
— Se for contra os EUA, é poético.
— Se for contra a Europa, é exótico.
— Se explodir um autocarro cheio de civis, mas disser “morte ao imperialismo”, há quem core de emoção.
Muitos dos nossos “progressistas” deviam, pelo menos uma vez na vida, tentar ler A Banalidade do Mal.
Mas receio que confundam Hannah Arendt com uma influencer nĂłrdica.
A verdade Ă© que já nem se exige cultura polĂtica. Bastava bom senso. Bastava Ă©tica básica.
Mas quando se vive mergulhado num caldo de revisionismo, romantismo revolucionário mal digerido e ignorância histórica, tudo se torna aceitável — desde que a narrativa renda likes e votos.
Não os ouvimos falar das crianças mortas em Kyiv, dos reformados assassinados em Telavive, nem das mulheres apedrejadas no Irão.
Mas gritam contra Israel, como se o mal do mundo tivesse sotaque hebraico e endereço postal em Jerusalém.
Essa esquerda nĂŁo Ă© apenas ignorante.
É cúmplice.
É covarde.
E, mais do que isso, é um insulto vivo ao legado de quem verdadeiramente lutou pela justiça, pela paz e pela liberdade.
Esta “esquerda” que tanto fala em “humanidade” escolheu a cegueira seletiva como bússola.
E enquanto se embriaga em moralismos de fancaria, o terror organiza-se, alastra, e mata.
Se o século XXI continuar a ser interpretado por este teatro de sombras ideológicas,
serão os bárbaros que escreverão o último ato.
Francisco Gonçalves
CidadĂŁo de palavra livre e memĂłria histĂłrica ativa.
“O maior mal no mundo é cometido por pessoas que nunca decidem ser boas ou más.”
— Hannah Arendt, "Eichmann em Jerusalém"